
“Hoje, o Governo de Israel não representa a grande maioria dos israelitas”, afirmou Golan, presidente do Partido Democrata e antigo vice-chefe do exército.
Golan falava a poucos dias de uma votação prevista no Parlamento, que poderá derrubar o Governo e abrir caminho para eleições antecipadas, sobre a questão do recrutamento militar dos judeus ultraortodoxos.
Após mais de 20 meses de guerra desencadeada pelo ataque do movimento islâmico palestino Hamas em solo israelita a 07 de outubro de 2023, Israel “deveria pôr fim à guerra o mais rapidamente possível”, disse Golan aos jornalistas.
O seu partido, uma aliança de formações de esquerda, tem apenas quatro assentos no Knesset (Parlamento israelita), que conta com 120, o que o torna um dos menores grupos políticos.
Mas num país onde a formação de coligações é essencial para obter maioria no Parlamento, mesmo partidos relativamente pequenos podem exercer um poder considerável.
Golan apresentou-se como representante “dos que querem salvar a democracia israelita […] de um futuro corrupto” e da “visão messiânica, nacionalista e extremista de uma fação muito pequena da sociedade israelita”, numa referência ao atual governo, um dos mais à direita da história de Israel.
“A grande maioria deseja que Israel continue a ser a pátria do povo judeu e, ao mesmo tempo, um Estado livre, igualitário e democrático», acrescentou.
Segundo Golan, a maioria dos israelitas também deseja o fim imediato da guerra em Gaza, o regresso de todos os reféns que ainda lá estão detidos pelos oslamitas do Hamas e a criação de uma comissão de inquérito sobre o ’07 de outubro’.
“Penso que podemos chegar a um acordo sobre os reféns em poucos dias”, afirmou Golan, embora as negociações para a libertação e o fim da campanha militar israelita em Gaza tenham sido infrutíferas até agora.
“Penso que, ao pôr fim à guerra e libertar os reféns, seremos capazes de construir uma alternativa ao Hamas na Faixa de Gaza”, referiu.
Hoje, o partido judaico ultraortodoxo Shass, aliado de Netanyahu, ameaçou derrubar o governo, votando esta semana a favor de eleições antecipadas no Parlamento.
O executivo de Netanyahu, um dos mais à direita da história de Israel, está ameaçado de queda devido à questão do serviço militar dos judeus ultraortodoxos, uma vez que há décadas que estes beneficiam de uma isenção cada vez menos aceite pela sociedade israelita, numa altura em que o país está em guerra contra o movimento islamista palestiniano Hamas em Gaza desde 07 de outubro de 2023.
Netanyahu tem de lidar com uma ala do seu partido, o Likud (direita), que pressiona por uma lei que vise recrutar mais ultraortodoxos e endurecer as sanções contra os insubordinados, um verdadeiro ‘casus belli’ (do latim, “caso de guerra” – expressão que se refere a um evento ou situação que justifica a declaração de guerra por um Estado) para partidos como o Shass, que representam os ‘haredim’ (“os que temem a Deus” em hebraico) e exigem uma lei que garanta de forma duradoura a sua isenção das obrigações militares.
Os dois partidos ultraortodoxos de Israel, Shass e Judaísmo Unido da Torá, são fundamentais para a estabilidade do governo de Netanyahu, e ambos têm bloqueado a atividade legislativa no país há semanas em protesto contra a lentidão do governo em aprovar o plano de isenção militar.
Na passada quinta-feira, uma fonte do Shass indicou à agência noticiosa France-Presse (AFP) que o partido ameaçava deixar a coligação no poder e exigia “uma solução antes de segunda-feira” (hoje).
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