Navalny foi preso ao voltar de Berlim, no domingo, e ficará em prisão preventiva pelo menos até 15 de fevereiro por ter violado as medidas de controlo judicial – por estar em condicional, relacionada a outro processo na justiça russa – ao procurar tratamento médico no estrangeiro.
O opositor foi detido em Moscovo e colocado em quarentena devido à pandemia do novo coronavírus.
O comité de investigação russo lançou uma investigação de difamação em julho contra Navalny, acusado de ter disseminado informações “falsas” e “insultantes à honra e dignidade” de um veterano da II Guerra Mundial.
Este último havia manifestado na televisão o seu apoio ao referendo constitucional ocorrido no verão que acabou por fortalecer os poderes do Presidente russo, Vladimir Putin.
A investigação deste caso havia sido suspensa durante a hospitalização do opositor na Alemanha, após o envenenamento que o opositor sofreu em agosto na Rússia.
“Cabe ao tribunal garantir a sua chegada na audiência. Será que vai conseguir, devido à quarentena de 14 dias? Não sabemos de nada”, comentou hoje na rádio Echo de Moscovo, um dos advogados de Navalny, Vadim Kobzev.
O veterano que apresentou a denúncia não estará presente, acrescentou, tendo o denunciante desde o verão solicitado que o caso fosse investigado sem a sua presença.
Dependendo da gravidade dos factos, a difamação é punível com multas até cinco milhões de rublos (56.000 euros) e cinco anos de prisão. Sentenças mais leves, como serviço comunitário, também podem ser impostas.
Noutro caso judicial envolvendo o opositor, em 02 de fevereiro um tribunal examina a revogação da sua condicional, abrindo caminho para que cumpra pelo menos parte dos três anos e meio de pena prisão a que foi condenado em 2014.
Navalny está detido desde a noite de segunda-feira em Matrosskaia Tichina, uma famosa prisão de Moscovo na qual o oligarca e opositor do Kremlin, Mikhail Khodorkovsky, também está preso.
Navalny também se tornou, no final de dezembro, alvo de uma nova investigação de fraude, sendo suspeito de ter gasto 356 milhões de rublos (cerca de 3,9 milhões de euros) de doações para seu uso pessoal.
Ativista anticorrupção carismático e inimigo reconhecido do Kremlin, Navalny, de 44 anos, acusa o Presidente, Vladimir Putin, de ter ordenado o seu assassínio com um agente neurotóxico de uso militar, o que a Rússia nega.
As principais potências ocidentais e organizações internacionais exigiram a libertação imediata do opositor e pedem a Moscovo que explique o caso do envenenamento sofrido por Navalny.
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