“É uma das zonas do país onde a seca é mais evidente, onde menos chove, e onde contamos já no próximo verão ter, por exemplo, a ligação da Alqueva até Mértola a funcionar em pleno e, dessa forma, sossegar bastante um conjunto muito significativo de portugueses”, afirmou João Pedro Matos Fernandes.
O ministro do Ambiente falava aos jornalistas, na Estação de Tratamento de Água de Lever, no final de uma aula sobre a seca que se vive em Portugal e sobre poupança de água a alunos do primeiro ciclo de uma escola de Gaia.
Matos Fernandes salientou que neste momento estão a ser investidos no círculo urbano da água, financiados pelo Ministério do Ambiente, “cerca de 400 milhões de euros em todo o país, num setor que nos últimos 20 anos investiu mais de 10 mil milhões de euros, seja na parte do abastecimento de água, na recolha e tratamento de fluentes”.
Garantindo que “no momento não existe o risco” de aumentar o preço da água para os consumidores, o ministro referiu que Portugal tem “uma infraestrutura muito robusta de estações de tratamentos que estão capazes de tratar água mesmo quando ela tem uma maior quantidade orgânica”.
Contudo, Matos Fernandes disse ser “evidente que quando a água bruta, ou seja, na origem, tem menor qualidade é indispensável gastar mais energia e é indispensável juntar mais reagentes para garantir que Portugal continue a ter em todo o seu território 99% de análises com água segura e de excelente qualidade”.
“Este Governo orgulha-se de ter aprovado o primeiro plano de contingência contra a seca, que foi aprovado exatamente em julho, numa comissão interministerial que foi criada para o efeito, e que nos permitiu agir por antecipação”, disse.
Lembrou que “quando se adivinhava já um verão com pouca água, as empresas das Águas de Portugal contrataram por antecipação meio milhão de euros de camiões cisterna para abastecer os pequenos aglomerados, nomeadamente durante o verão”.
“Neste momento, também estamos a consegui-lo em Viseu, mas repito o nosso sucesso é, sobretudo, o sucesso que resulta da capacidade que os portugueses têm de empenhar-se por usar a menor capacidade de água possível”, sublinhou.
Matos Fernandes apelou “a todos os portugueses” para que poupem água, referindo que “o governo tem todas as condições para honrar o compromisso de que não vai faltar água na torneira, mas para que isso aconteça temos mesmo que nos esforçar e consumir a menor quantidade possível”.
O ministro afirmou ainda que, no momento, “não são necessárias medidas restritivas a curto prazo”.
“Não é por aí que devemos começar, devemos continuar a reduzir o consumo que estamos a fazer. Essa é a nossa proposta, e estamos a conseguir ter sucesso, porque estamos a ser cada vez mais bem acompanhados por empresas, autarquias e, certamente, por um conjunto já grande de portugueses”, frisou.
As medidas de médio e longo são “em primeiro lugar, dragar fundos de barragens, essa ação está a ser iniciada pela Agência Portuguesa do Ambiente, (…) em segundo lugar, e por solicitação da Câmara de Viseu e da Câmara de Mangualde, de altear o coroamento da barragem de Fagilde, e, em terceiro lugar, retirar as colónias de jacintos que começam a aparecer devido à menor quantidade de águas nos rios”, disse.
Por último, acrescentou o ministro, “ligar alguns sistemas, como por exemplo o do rio Balsemão, em Lamego, a Viseu, e a partir da barragem do Alqueva, que tem uma excecional capacidade de reserva de água, fazer ainda mais ligações, por exemplo, à albufeira do Monte da Rocha, já na bacia hidrográfica do Sado”.
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