Scholz adiantou, durante o Berlin International Air Show (ILA), que o pedido ao consórcio europeu liderado pela Airbus será feito antes das próximas eleições parlamentares da Alemanha, marcadas para o segundo semestre de 2025.
A confirmação desta nova encomenda era aguardada pelos fabricantes para suceder à atual encomenda de 38 Eurofighters adquiridos pela Alemanha há quatro anos, por quase 5,5 mil milhões de euros, e cuja entrega está prevista entre 2025 e 2030.
“Garantiremos uma carga de trabalho contínua” na unidade de produção alemã do Eurofighter em Manching (sul), frisou Scholz, durante a cerimónia de abertura do ILA.
Esta encomenda será “uma garantia de segurança para a Airbus, para a fábrica, mas também para toda a cadeia de subcontratação”, acrescentou.
O chanceler alemão não especificou o valor do pacote que será destinado a esta nova fase do Eurofighter.
A Alemanha iniciou um ponto de viragem histórico na sua política de defesa desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, destinando um fundo de 100 mil milhões de euros para modernizar o Exército alemão, após várias décadas de subinvestimento.
O anúncio do Chanceler “é uma excelente notícia para o programa Eurofighter e para os nossos parceiros industriais”, e demonstra “o compromisso de longo prazo da Alemanha” com o projeto no qual, além da Airbus, está a britânica BAe Systems e a italiana Leonardo, sublinhou Giancarlo Mezzanatto, CEO da Eurofighter, citado num comunicado.
Michael Schoellhorn, CEO da Airbus Defence and Space, saudou o compromisso do governo alemão “em apoiar a cadeia de abastecimento além deste pedido adicional” de 20 unidades.
Schoellhorn, também presidente da Federação Alemã da Indústria Aeronáutica e Espacial (BDLI), estava preocupado há alguns meses com o risco de interromper a produção de aeronaves de combate na Alemanha, após a entrega dos modelos mais recentes em produção.
Sem uma nova encomenda, Schoellhorn temia uma perda de recursos e empregos, bem como um abandono tecnológico que colocaria em risco o desenvolvimento do Futuro Sistema de Combate Aéreo (Scaf), uma colaboração entre França, Alemanha e Espanha para suceder ao Rafale e ao Eurofighter, mas que não estará operacional antes da década de 2040.
O programa Eurofighter também beneficiará de um impulso pelas exportações, após a decisão anunciada por Berlim, no início de janeiro, de desbloquear uma gigantesca pré-encomenda de 48 aeronaves pela Arábia Saudita.
Em novembro de 2018, Berlim ordenou a cessação das exportações de armas para a Arábia Saudita, alegando a participação daquele país na guerra civil do Iémen e o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.
Além dos 138 Eurofighters atualmente à disposição do Exército alemão, Berlim aposta nos F-35 do fabricante norte-americano Lockheed Martin para transportar mísseis atómicos norte-americanos no âmbito das operações de dissuasão da NATO e anunciou em 2022 a sua intenção de adquirir até 35 destes dispositivos.
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