“Esta é uma situação dramática e escandalosa”, afirmou à agência Lusa o coordenador da Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra (ADACO), Isménio Oliveira.
Depois de os manifestantes terem sido recebidos pelo presidente da Câmara Municipal de Penela, distrito de Coimbra, Eduardo Nogueira dos Santos, aquele dirigente disse que a ADACO, filiada na Confederação Nacional da Agricultura (CNA), reclamou resposta para “duas questões fundamentais”.
Numa exposição entregue durante a reunião, nos Paços do Concelho, a associação de pequenos produtores, que alegam terem sofrido prejuízos nos campos nos últimos anos, solicitou ao autarca do PS para interceder junto do Governo a fim de este assegurar o “pagamento dos prejuízos aos agricultores”, bem como o “controlo de densidade dos animais”.
Para Isménio Oliveira, o controlo deve ser feito com recurso aos métodos reconhecidos pelas entidades competentes como os mais adequados, designadamente através da “liberalização da caça” nas áreas mais afetadas.
“Nestes anos, o Governo não fez absolutamente nada, mesmo depois de a Assembleia da República ter recomendado o pagamento dos danos e o rastreio desses animais”, lamentou.
O executivo de António Costa, segundo o dirigente da ADACO, remete essa responsabilidade para as zonas de caça associativa, as quais, por sua vez, "dizem não ter dinheiro para pagar” os prejuízos aos agricultores lesados.
Atualmente, salientou, “existem em Portugal entre 300 mil e 400 mil javalis”, segundo um estudo recentemente realizado pela Universidade de Aveiro para o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).
“Nos últimos quatro anos, quase quadruplicou o número de javalis, que em 2019 seria de 100 mil a 120 mil, de acordo com estimativas do Ministério da Agricultura”, sublinhou Isménio Oliveira.
Desde pelo menos 2020, a ADACO tem vindo a exigir um “controlo efetivo” dos animais selvagens que destroem as culturas agrícolas, lamentando que o Estado não assuma responsabilidades pelos prejuízos.
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