Matshidiso Moeti falava durante a conferência de imprensa on-line sobre a evolução da covid-19 no continente africano, que contou com vários.
“Olhando para a evolução da pandemia de covid-19 e especialmente agora que estamos a olhar para a propagação comunitária em alguns países, estimamos que a doença atingirá o seu pico dentro de quatro a seis semanas, se nada for feito”.
O número de mortos devido à covid-19 em África ultrapassou hoje os dois mil (2.012), com mais de 51 mil casos da doença registados em 53 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
“Existem agora cerca de 50.000 casos confirmados e 2.000 perderam a vida em todo o continente africano e é incrivelmente importante que os países utilizem abordagens baseadas em dados e em evidências na resposta”, defendeu.
Sobre o alívio de algumas medidas de confinamento que se registam em vários países, Matshidiso Moeti aconselhou prudência: “Não é uma questão em que simplesmente se passe de uma situação em que hoje tudo está fechado para amanhã estar tudo aberto”.
O desconfinamento “tem de ser gradual, com as partes mais essenciais da economia a serem abertas primeiro”.
Questionada sobre África pós covid-19, Moeti começou por esclarecer que não pretende ignorar “a severidade e gravidade da situação”.
“Se nada for feito vai ser grave. O impacto económico já começa a sentir-se. Mas também vejo muitos países a tomarem medidas e a fazerem grandes investimentos para que o impacto não seja tão devastador”, disse.
E sublinhou: “Tenho uma grande fé na resiliência do povo africano e confio na generosidade e solidariedade internacionais para ajudar” o continente.
Outro participante neste encontro online com a comunicação social, o presidente da Federação de Cuidados de Saúde Africanos, Amit Thakker, disse prever um período de até três anos para a recuperação desta pandemia em África.
Esta recuperação contará com várias fases e englobará a reparação da doença, que passará pelo tempo de espera de uma vacina, a sua administração e a retoma da economia. Depois, os sistemas deverão mostrar “onde África vai chegar”, para o que será fundamental uma liderança forte nestes países.
“Acredito que vamos ter um continente mais forte pós-covid-19″, disse Amit Thakker, que desenvolve a sua atividade no Quénia.
Por seu lado, Stephen Karingi, da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UN-ECA), alertou que tudo está ainda em aberto e que esta é a altura para os riscos serem minimizados. Contudo, é preciso “começar a pensar na retoma”, o que passa por “salvar pessoas e salvar os negócios”.
“Se não salvamos os negócios, não salvamos os empregos, e se não salvamos os empregos as pessoas ficam sem meios”, referiu. E advertiu: “O futuro do continente [africano] vai depender do que fizermos hoje”.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 263 mil mortos e infetou cerca de 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.
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