“O objetivo é que a empresa possa continuar o projeto da melhor forma possível, nessa medida e não tendo ainda prestado declarações, mas vai prestar, entendeu que deve renunciar às funções como CEO da empresa, o que fará oportunamente após interrogatório e aplicação de uma eventual medida de coação”, disse aos jornalistas Pedro Duro no intervalo para almoço do interrogatório judicial dos cinco detidos no caso dos negócios do lítio e do hidrogénio.
O outro administrador da empresa Rui Oliveira Neves começou a ser ouvido hoje de manhã pelo juiz de instrução criminal Nuno Dias Costa, interrogatório que vai continuar à tarde.
À saída do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, o advogado de Afonso Salema justificou a renúncia com “a proteção do nome bom nome da empresa, na proteção dos trabalhadores e do projeto”.
Pedro Duro afirmou também que, independentemente de Afonso Salema ficar ou não em prisão preventiva, “há um conjunto de consequências até reputacionais que é preciso acautelar para assegurar o futuro da empresa e daqueles que nela trabalham”.
O advogado admitiu ainda que “obviamente a empresa não tem a melhor imagem neste momento”.
Segundo Pedro Duro, o interrogatório a Pedro Salema deverá começar a meio da tarde de hoje, uma vez que o interrogatório que começou de manhã estará a terminar.
Paulo Farinha Alves, advogado da empresa Start Campus, sediada em Sines e que também é arguida no processo, disse aos jornalistas que a ideia da empresa é continuar o trabalho que está a desenvolver em Portugal.
Além dos dois administradores da Start Campus, que está no centro das investigações, estão também detidos Vítor Escária, chefe de gabinete do primeiro-ministro exonerado, Diogo Lacerda Machado, advogado, consultor e amigo de António Costa e Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara de Sines.
Nuno Mascarenhas, foi primeiro a prestar declarações, na quinta-feira, seguindo-se Rui Oliveira Neves, Afonso Salema, Vítor Escária, e, por último, Diogo Lacerda Machado.
A operação de terça-feira do Ministério Público levou à detenção de cinco pessoas para interrogatório e a constituição de quatro arguidos, designadamente o ministro das Infraestruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado e antigo porta-voz do PS, João Tiago Silveira, e a empresa Start Campus.
Na investigação aos negócios do lítio, hidrogénio verde e do ‘data center’ de Sines podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.
O primeiro-ministro, António Costa, que apresentou a demissão na terça-feira, é alvo de uma investigação autónoma do MP num inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos negócios investigados.
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