“Pela primeira vez desde há duas décadas, elaborámos um orçamento que não depende da ajuda internacional. É um grande êxito para nós”, declarou à agência noticiosa AFP Ahmad Wali Haqmal, porta-voz do ministério.
Desde a chegada ao poder dos extremistas que os doadores suspenderam a ajuda internacional, que representava até 80% do orçamento afegão.
Este orçamento, aprovado na terça-feira, de 53,9 mil milhões de afghanis (450 milhões de euros), destina-se apenas ao primeiro trimestre de 2022 e é quase totalmente consagrado às despesas de funcionamento do Governo.
Os talibãs decidiram que o ano fiscal passará a ser baseado no calendário solar, e que implica o início do ano geralmente em 21 de março. O próximo orçamento, já em preparação segundo Haqmal, será apresentado após essa data.
A quase totalidade do orçamento (49,2 mil milhões de afghanis) é destinada “às despesas diárias do Governo”, como salários, sublinhou o porta-voz.
Todos os funcionários que retomaram o trabalho após 15 de agosto “serão pagos”, afirmou, assim como os combatentes talibãs que integraram as forças de segurança.
Dada a grave crise de liquidez motivada pela suspensão da ajuda internacional, a maioria dos salários dos funcionários governamentais não são pagos há vários meses.
As mulheres funcionárias públicas, que não foram autorizadas a retomar o trabalho, serão igualmente pagas, assegurou Haqmal. “Não foram despedidas”, explicou. “Consideramos que regressaram ao trabalho”.
O porta-voz também precisou que “todo o dinheiro [do orçamento] provém recursos próprios”, numa referência às “alfândegas, impostos sobre os rendimentos ou retribuições dos ministérios”, como o ministério das Minas.
Os restantes 4,7 mil milhões de afghanis serão dedicados a projetos de desenvolvimento, em particular no reforço das infraestruturas de transportes.
“Não é muito dinheiro, mas é o que podemos fazer de momento”, admitiu Haqmal.
Os talibãs confrontam-se com o congelamento pelos Estados Unidos de 9,5 mil milhões de dólares de reservas do Banco central afegão, que equivale a metade do PIB do país em 2020.
Washington continua a ignorar os pedidos dos talibãs, que pedem o reenvio destes fundos para relançar a economia e combater uma ameaçadora crise alimentar que segundo a ONU ameaça 23 milhões de afegãos, cerca de 55% da população.
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