O balanço deste ano é já superior às 4.436 mortes registadas em 2020, mas a OIM receia que possa vir a ser “muito mais elevado”, tendo em conta que os “incidentes fatais são frequentemente registados semanas ou meses mais tarde”, segundo um comunicado da organização.
Desde 2014, a OIM registou a morte de mais de 45.400 migrantes a nível mundial.
No comunicado, a organização com sede em Genebra apela aos países para “desenvolverem políticas e práticas para reduzir os riscos que as pessoas enfrentam na procura de uma vida melhor”.
Segundo a OIM, “muito poucos” Estados se empenharam no objetivo de “salvar vidas e estabelecer esforços internacionais coordenados sobre migrantes desaparecidos”.
“A covid-19 significou uma diminuição sem precedentes da mobilidade humana, mas o Projeto Migrantes Desaparecidos continua a documentar mortes quase todos os dias”, disse o diretor do Centro Global de Análise de Dados sobre Migração da OIM, Frank Laczko, citado no comunicado.
Pelo menos 54 migrantes morreram na quinta-feira num acidente com o camião em que viajavam em Chiapas, no caso mais mortífero com migrantes ocorrido no México desde pelo menos 2014, quando a OIM começou a documentar as mortes.
Segundo a OIM, o número de mortes e desaparecimento de migrantes aumentou em muitas rotas migratórias no mundo este ano, incluindo na Europa e nas Américas.
Nas rotas europeias, as 2.720 mortes já contabilizadas tornam este ano o mais mortífero na região desde 2018.
“A travessia do Mediterrâneo Central [que sai da Líbia, Argélia e da Tunísia em direção à Itália e a Malta] já reclamou pelo menos 1.315 vidas até agora este ano. Pelo menos 937 pessoas morreram na rota atlântica para as Ilhas Canárias espanholas, mais do que em qualquer outro ano anterior durante pelo menos uma década”, lê-se no comunicado.
Na fronteira terrestre entre a Turquia e a Grécia morreram pelo menos 41 pessoas este ano.
No continente americano, a OIM registou a morte de mais de 650 pessoas na fronteira entre o México e os Estados Unidos da América (EUA) desde o início do ano, no balanço mais grave desde 2014.
Este número pode aumentar ainda, dado que a “maioria dos dados relativos a esta região fronteiriça só são comunicados após o final do ano”.
Na América do Sul, o saldo é de 137 mortos, incluindo 64 cidadãos venezuelanos.
Além das rotas tradicionais do Mediterrâneo e da fronteira entre o México e os EUA, a OIM também registou este ano a morte de 21 pessoas na fronteira da Bielorrússia com a União Europeia (UE).
Na região de Darién, uma zona remota de selva entre a Colômbia e o Panamá, morreram pelo menos 42 pessoas, mas a OIM considera que as mais de 125.000 travessias irregulares deste ano possam significar que o “verdadeiro número de mortes é provavelmente muito superior”.
Outra rota difícil de documentar é a travessia entre o Corno de África e o Iémen, onde morreram pelo menos 98 pessoas este ano, em comparação com 40 em 2020.
“Tragédias em massa envolvendo migração têm-se normalizado cada vez mais. A OIM insta os Estados a desenvolver políticas e práticas para reduzir os riscos que muitas pessoas em movimento são forçadas a correr durante as viagens de migração”, acrescenta a organização.
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