Apesar de o Governo ter autorizado na quarta-feira a administração do Centro Hospitalar Universitário de São João a lançar o concurso para a conceção e construção das novas instalações do Centro Pediátrico, Júlio Roldão considerou que “não há razões” para parar este processo, porque seria “defraudar” quem assinou e quem ainda quer assinar.
O porta-voz do movimento comentou que o abaixo-assinado, lançado a 06 de setembro, é “algo simbólico” e uma forma de mostrar que a sociedade civil está atenta à situação.
“Seria uma falta de respeito não levar o processo até ao fim”, considerou.
Questionado sobre se o abaixo-assinado “pressionou” o Governo de António Costa a tomar esta decisão, Júlio Roldão entendeu que contribuiu para isso, apesar de não ter sido decisivo.
Na verdade, considerou, o objetivo do movimento “Pelo Joãozinho” foi trazer para a opinião pública o problema, alertar para a urgência de uma resolução e da importância da concretização da obra.
O porta-voz explicou que, não tendo indicações em contrário, a recolha de assinaturas continuará a decorrer até dia 07 de outubro, contando já com as assinaturas do arquiteto Álvaro Siza Vieira, da cientista Maria de Sousa, do médico Manuel Sobrinho Simões, do presidente do Futebol Clube do Porto, Pinto da Costa, e dos artistas e escritores Carlos Tê, João Bicker e Manuela Espírito Santo.
Hoje de manhã, depois da publicação em Diário da República do despacho do Governo na quarta-feira, o presidente da administração da unidade hospitalar, António Oliveira e Silva, adiantou estar a “auscultar os serviços jurídicos” sobre a possibilidade de poder aproveitar o projeto existente para a construção do novo Centro Pediátrico.
Apesar de considerar o projeto que tem já dez anos “obsoleto”, o presidente da administração disse que lhe “facilitava a vida” poder trabalhar “em cima do projeto” que já existe, porque há estruturas e infraestruturas que vão ser comuns.
Por seu lado, o porta-voz dos pais de crianças com doença oncológica tratadas no São João considerou “pouco claro” o despacho governamental, dizendo que a “melhor solução” seria aproveitar o projeto já existente para a ala pediátrica, agilizando processos, porque se for necessário voltar a fazer um novo projeto de arquitetura e especialidades isso significará voltar à “estaca zero”.
Há dez anos que o hospital tem um projeto para construir uma nova ala pediátrica, mas desde então o serviço tem sido prestado em contentores.
Em junho, o presidente do Centro Hospitalar afirmou que o problema do centro ambulatório pediátrico, que inclui o hospital de dia da pediatria oncológica, ficou resolvido, mas “continuam a faltar as instalações do internamento pediátrico”.
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