"Escrevo em letras minúsculas porque parece mais relaxado. Quando começo a usar a capitalização adequada, parece que estou a tentar marcar um ponto mais forte do que precisa de ser". O testemunho é de Ruweyda Hilowle, 24 anos, ao The Guardian, mas podia pertencer a muitas outras pessoas nascidas entre 1997 e 2012.

Segundo o jornal britânico, para muitos jovens da geração Z a escrita em minúsculas não é apenas uma preferência de estilo, mas um marcador cultural que reflete os seus valores e atitudes em relação à tradição.

No mundo dos famosos, a cantora Billie Eilish, de 23 anos, reforçou esta estética, ao usar letras minúsculas em títulos de músicas ou álbuns, como "don't smile at me" ou "my future".

Nas marcas, o Spotify também é um exemplo desta morte das maiúsculas, ao apresentar playlists como "chill vibes" e "teen beats", que adotam letras minúsculas para sinalizar informalidade.

Contudo, este não é um fenómeno totalmente novo. No século XX houve uma rejeição semelhante das maiúsculas, embora em menor escala, que se notou, por exemplo, nos poemas de EE Cummings. Mais tarde, a escritora e ativista feminista bell hooks decidiu colocar o seu próprio nome em minúsculas. Também aqui não se tratava apenas de estética, mas sim de uma declaração política, com o objetivo de desafiar hierarquias e de rejeitar formalidades.

Mas não se pense que as maiúsculas não entram em nenhuma parte da vida dos jovens da geração Z: muitos voltam a ter de seguir as regras em ambientes profissionais ou académicos, onde a formalidade ainda tem peso.