Em entrevista à agência Lusa, Fernando Araújo disse que está para ser iniciado o concurso para os cerca de 100 médicos de família que acabaram a especialidade no final do ano passado, o que permitirá atribuir um médico a mais 170 mil utentes.
Segundo o governante, o Ministério da Saúde mantém a expectativa de conseguir atribuir médico de família a todos os portugueses até ao final da legislatura, mas confessa que é necessário esperar para ver como corre este ano para conferir se o objetivo é exequível.
“Temos menos meio milhão de utentes sem médico de família desde o início da legislatura (…). Mas eu não durmo descansado enquanto temos 700 mil utentes sem resposta estruturada. E preocupa-me que não haja equidade”, afirmou.
Fernando Araújo referia-se, por exemplo, às disparidades entre a região Norte, onde a esmagadora maioria dos utentes tem médico de família, e a região de Lisboa e Vale do Tejo, a mais deficitária a este nível.
O secretário de Estado reconhece que os médicos de família deviam ter “tempo suficiente” para atender os utentes, o que seria possível se fosse reduzida a lista de utentes por médico, como têm reivindicado os sindicatos.
O Ministério da Saúde tentará “ir reduzindo as carteiras de utentes” por médico, reconhecendo que “são muito excessivas”, mas não se compromete com o objetivo pretendido pelos sindicatos de passar de 1.900 para 1.500 utentes por médico.
Quanto a outra das pretensões sindicais, Fernando Araújo indica que está a tentar ser encontrado, em conjunto com as Finanças, um ritmo de redução da carga horária feita pelos médicos nas urgências, mas que é necessário fazê-lo sem desfalcar os serviços e sem aumentar o recurso a contratação por empresas.
Os sindicatos médicos pretendem reduzir a carga horária da urgência de 18 para 12 horas semanais.
Sobre uma nova ameaça de greve por parte dos médicos, Fernando Araújo mostrou-se confiante que serão retomadas em breve as negociações e que serão encontradas soluções adequadas com os sindicatos.
“Vamos reiniciar o diálogo e vamos encontrar seguramente boas soluções”, afirmou.
Ao nível dos cuidados de saúde primários, o secretário de Estado anunciou que vão ser contratados já este ano 40 nutricionistas e 40 psicólogos para os centros de saúde, no que diz ser “a maior entrada de nutricionistas e psicólogos desde sempre no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.
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