Escoteiros com “O”. Sim, leu bem, não se trata de nenhuma gralha ou erro ortográfico. E não há que confundir com os escuteiros, com “U”.
A centenária Associação Escoteiros de Portugal (AEP), fundada em 1913, durante a 1ª República, pelo Comandante Álvaro Machado, “é a única representante de escoteiros para todos os credos”, explica Manuel Pimenta, Escoteiro-Chefe Nacional adjunto para a comunicação, imagem e inovação.
Representante em Portugal do escotismo aberto a todos, independente, interconfessional e multiétnico, bebendo a matriz do Movimento fundado Lord Baden-Powell, por não estar ligada a qualquer confissão religiosa difere, nestes termos, do Corpo Nacional de Escutas (CNE) e dos “escuteiros com “U” que têm “um espírito católico”, acrescenta. “Aqui temos uma abertura religiosa”, atira o responsável para a comunicação, imagem e inovação.
Ora é exatamente essa abertura e aceitação de aceita jovens de todas as religiões e crenças por parte da Associação Escoteiros de Portugal aliada à promoção da multiculturalidade e à aceitação da diferença que está na base e serve de mote ao 25º Acampamento da Associação Escoteiros de Portugal (ACNAC), encontro que decorre em Leiria, em Barosa, desde ontem, 29, dia de abertura do campo, até 4 de agosto.
Debaixo do lema “A Diferença Sou Eu”, o acampamento visa promover o “respeito pela diferença, tanto social e étnica como religiosa (com a presença de católicos, muçulmanos, igreja evangélica, entre outros)” ao mesmo tempo que pretende transmitir a importância e a riqueza dos ambientes multiculturais no desenvolvimento pessoal.
“A multiculturalidade é um conceito que está no ADN da nossa Associação, que ao longo de mais de 100 anos tem procurado promover o respeito pela diferença”, frisa Miguel Gonzalez, Escoteiro-Chefe Nacional da Associação dos Escoteiros de Portugal.
2500 escoteiros entre o rafting, as caminhadas e o trabalho comunitário
Aos mais de 2 mil escoteiros de todo o país, Portugal Continental e Ilhas juntam-se, desde ontem, “entre 200 a 300 oriundos de outros países, nomeadamente Israel, São Tomé, Ucrânia, França, Bélgica e Luxemburgo”, enumera Manuel Pimenta Escoteiro-Chefe Nacional adjunto para a comunicação, imagem e inovação.
A reunião no mesmo local, na localidade da Barosa, de jovens de vários backgrounds sociais, étnicos e religiosos, “atinge ainda uma maior proporção e importância este ano, em que se comemora o Ano Europeu do Património Cultural, promovido pela Comissão Europeia e que pretende promover a salvaguarda das diferenças”, sublinha Miguel Gonzalez.
Ontem, 29, num local fechado ao público e espalhados por 20 hectares, foi dia de receção no acampamento. Com a farda identificativa, calções, fitas ao pescoço, meias altas, chapéus, agrupados, chegaram de mochilas às costas, panelas e paus de caminhada nas mãos. Em relação ao encontro, a maior e mais diversa atividade escotista nacional, Manuel Pimenta explica que “realiza-se de 4 em 4 anos” sendo que “o último foi há 7”, adiantou em jeito de reparo.
Com idades compreendidas entre os 6 aos 21 anos, divididos por faixas etárias, os escoteiros terão ao longo da semana diversas atividades “entre caminhadas, rafting, mergulho, variante aquáticas e terrenas”, para além de trabalho comunitário, tudo aliado a um “compromisso forte nos debates, partilhas e promoção do espiritual independentemente da religião”.
“Pretendemos transformar o 25º ACNAC num palco que celebre a diversidade e a riqueza do nosso património europeu, ao mesmo tempo que contribuímos de forma ativa para a promoção da liderança através da diferença, reforçando a necessidade de comportamentos económica e ecologicamente responsáveis e proativos”, conclui Miguel Gonzalez.
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