
Ryan Coogler, começou a sua carreira nas longas-metragens, em 2013, com “Fruitvale Station”, um filme baseado no homicídio de Oscar Grant, um jovem negro de 22 anos, na madrugada de dia 1 de janeiro de 2009. A sua realização foi premiada por vários festivais de cinema, como o Festival de Cannes e o Festival de Sundance, passando rapidamente a uma jovem promessa na indústria cinematográfica.
Foi neste projeto que Ryan conheceu Michael B. Jordan, que desempenhava o papel de Oscar Grant, e onde nasceu um novo bromance em Hollywood. Com cinco projetos em conjunto, Jordan tem participado em todas as longas-metragens da autoria de Coogler, aprimorando as suas performances e puxando pela criatividade do seu amigo.
É neste contexto que se dá a estreia de “Sinners”, um filme que acompanha o regresso de dois irmãos gémeos, Smoke e Stack, interpretados por Jordan, à cidade de Clarksdale, Mississippi, como tentativa de limpar os seus passados problemáticos. Mas são recebidos por um mal bem maior: vampiros.
Ryan Coogler reintroduz estes seres noturnos à grande tela e entrega-nos um dos melhores filmes da década. Mas mais do que um bom filme de vampiros, “Sinners” combina uma série de temas que faziam parte do dia-a-dia da comunidade negra que vivia no Mississippi Delta, na década de 30, nomeadamente a falsa liberdade e a origem do género musical Blues.
Aliás, uma das performances que tem ganho maior destaque junto da crítica é a de Miles Caton, que protagoniza Sammie Moore, o primo dos gémeos Smoke e Stack, que é apaixonado pela música e que é confrontado com um contexto em que a música é considerada como algo do demónio.
À história junta-se a soundtrack. O blockbuster tem uma sonorização que nos faz transcender a sala de cinema e é tudo graças a Ludwig Göransson, mais um dos bromances de Coogler. Tal como Michael B. Jordan, Ludwig têm participado em todos os projetos de Ryan e o seu papel neste filme não passa despercebido. O seu papel é muito mais do que acrescentar um barulho de fundo; a sonorização conta o que a imagem não consegue.
Nesta viagem pelo passado, presente (neste caso 1932) e pelo futuro dos Blues, género musical originado pelo povo afro-americano no sul dos Estados Unidos, a música ‘I Lied to You’ prende-nos na conversa que se dá entre as várias épocas deste género. E, com a hipnotizante composição de Ludwig, Ryan muda totalmente de tom e parte para uma caótica hora de sobrevivência, no seu melhor sentido.
Como é que este filme mistura um mundo recheado de vampiros e música? Terão de ir a uma sala de cinema descobrir.
Com uma atual avaliação de 98% no Rotten Tomatoes e de “A” no CinemaScore, o único filme de Terror que conseguiu atingir este patamar, “Sinners” tem sido o preferido do ano até agora.
P.S: Outro dos temas relacionados com o filme é o contrato assinado por Coogle com o estúdio Warner Bros, que concordou em devolver os direitos do filme ao realizador daqui a 25 anos, uma decisão que várias pessoas da indústria consideram que pode vir a destruir o modelo de negócio de Hollywood.
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