“São quatro formas de fósseis, a concha, o búzio, o dente de tubarão e umas bolachinhas redondas que imitam os fósseis com conchas”, explicou à agência Lusa a proprietária da pastelaria "A Cagarrita", Rosa Cabral, que lançou este novo produto mariense inspirado naqueles organismos fossilizados há milhares de anos.
A ilha de Santa Maria, a mais oriental e antiga do arquipélago dos Açores, tem fósseis marinhos únicos e as suas jazidas fossilíferas atraem muitos turistas e visitantes.
O lançamento deste novo produto mariense - "Fósseis doces" - insere-se numa série de contactos do Parque Natural de Santa Maria junto dos artesãos locais da ilha para criarem peças de artesanato, e neste caso, em particular, na área da doçaria, inspiradas no património natural da ilha.
Natural de Santa Maria, Rosa Cabral não teve receios e "meteu a mão na massa", criando bolachas e biscoitos semelhantes aos fósseis.
"Era um projeto em mente há algum tempo, mas só agora possível de concretizar. Os turistas quando visitam a Casa dos Fósseis perguntam se não há qualquer coisa alusiva que possam adquirir. Já se comercializa o biscoito de orelha e as cavacas, mas não havia nada para levar sobre os fósseis”, salientou Rosa Cabral, que dedicou “a sua vida ao ramo da hotelaria, nomeadamente na área da cozinha”, fora da sua terra natal.
Rosa Cabral explicou que o processo artesanal para produzir os fósseis doces obrigou “a ensaiar várias receitas” e “a fazer várias degustações” até alcançar o objetivo final: “uma bolacha confecionada sem exageros de açúcar, nem de sal”, que represente um produto natural que possa ser apreciado pelos turistas e locais.
"Os ingredientes baseiam-se só em manteiga, mel, farinha, especiarias e há ainda um segredo: o licor de vinho abafado, feito por mim", explicou, confiante numa "boa aceitação no mercado" deste novo produto.
Os biscoitos foram apresentados recentemente ao público na Casa dos Fósseis e a criação deste produto levou ao estabelecimento de uma parceria entre a pastelaria e o Geoparque Açores.
"O objetivo é, acima de tudo, dar visibilidade ao património natural da ilha de Santa Maria e, neste particular, por ser a única no arquipélago onde se podem observar fósseis. E essa singularidade na nossa ótica deve ser destacada", sublinhou a diretora do Parque Natural de Santa Maria, Rita Gago da Câmara, em declarações à agência Lusa.
A responsável, que evidenciou a forma como a pastelaria "A Cagarrita" aceitou "o desafio e passou a produzir" biscoitos em formato de fósseis, realçou que este novo produto complementa também a oferta turística junto dos muitos turistas que procuram a Casa dos Fósseis e visitam as jazidas.
"Uma pessoa que observa fósseis no meio natural e tem a oportunidade de encontrar no supermercado ou na loja no Parque Natural um saquinho de biscoitos alusivos a esta temática acaba por ter uma recordação interessante", sublinhou Rita Gago da Câmara.
Os biscoitos vão estar disponíveis na loja do Parque Natural de Santa Maria e serão depois distribuídos por supermercados locais onde a pastelaria vende habitualmente os seus produtos.
"Isto implicou um trabalho próximo dos técnicos do parque natural e a pasteleira com troca de explicações sobre os fósseis de Santa Maria, fotografias destes vestígios, para que a partir daí se pudesse encontrar os moldes", adiantou ainda a mesma responsável.
A Casa dos Fósseis, em Santa Maria, está integrada no parque natural da ilha e divulga o acervo paleontológico e geológico da ilha mais antiga dos Açores, onde existe a maior jazida de fósseis a céu aberto do Atlântico Norte.
O Governo dos Açores também criou o Paleoparque da ilha, integrando as 20 jazidas fósseis.
O objetivo da criação daquele Paleoparque foi preservar os elementos paleontológicos e geológicos de Santa Maria.
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