A proposta, que foi hoje apresentada em conferência de imprensa pelo vereador João Ferreira e pela deputada municipal Ana Margarida de Carvalho, prevê a realização de "um evento literário regular, com primeira edição no ano de 2019, de dimensão internacional, que celebre a Língua, os Livros, a Literatura, as Leituras e as Livrarias em Lisboa, denominado Lisboa Cinco L".
Para o vereador João Ferreira, existe a "necessidade de uma política alternativa no domínio da cultura, uma outra política cultural para Lisboa", uma vez que o executivo (liderado pelo PS) tem optado por uma "política centrada nos grandes eventos de cariz mais comercial, uma política que tem da cultura uma visão muito associada ao entretenimento, à animação cultural, mas que abdica de um trabalho produtivo com os agentes da cultura".
Em contrário, esta proposta pretende ser um "não à visão mercantilizada da cultura", salientou, elencando que o evento deverá "ir para além de um certo formato mais tradicional" e ter a "possibilidade de ter um alcance muito maior do que um festival tradicional poderá ter".
Questionado sobre a data em que seria realizado o festival, caso a proposta venha a ser aprovada, o autarca comunista afirmou que ainda "não há uma data" específica, uma vez que isso teria de ser acordado com a vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto.
Ainda assim, o vereador advogou que este "não é um festival para ser feito no inverno", dado que o objetivo é "envolver toda a cidade e retirar a literatura dos espaços comerciais, levá-la para a rua".
Já quanto à periodicidade, o PCP manifestou vontade que este seja um evento anual, e que cada edição tenha um tema diferente.
Para além da realização do festival, a proposta prevê também "centralizar a responsabilidade da organização do evento no pelouro da Cultura, em articulação com as bibliotecas municipais e os serviços municipais que se considerem relevantes".
O documento pretende ainda "providenciar as medidas necessárias de forma a promover o evento em toda a cidade, em articulação com as escolas, universidades, freguesias e outros parceiros, envolvendo a população local e garantindo uma diversidade estética, diferenciação de géneros e distintos públicos".
Também está contemplada a remuneração de "todos os escritores, animadores culturais, leitores e atores envolvidos".
Também presente na apresentação, a deputada municipal Ana Margarida de Carvalho salientou que "é quase bizarro que Lisboa não esteja a cumprir o seu papel de defensora da cultura", uma vez que na opinião da eleita, esta "é uma obrigação que a cidade tem e da qual não se pode demitir".
"Esta questão é uma emergência da cidadania", acrescentou, defendendo que "a Feira do Livro não pode ser o único evento ligado à literatura em Lisboa".
Ana Margarida de Carvalho observou ainda que este ano passam duas décadas desde que José Saramago foi laureado com o prémio Nobel da Literatura, data que não pode ser esquecida.
Na apresentação estiveram também presentes os escritores José Manuel Fajardo e Tiago Salazar.
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