Nos últimos anos, em Hollywood, há um sinónimo em forma de Nome Próprio para designar um trabalhador prolífero: Ryan Murphy. Seja enquanto produtor-executivo, argumentista ou showrunner, desde o virar do milénio, altura em que co-criou “Popular” (1999), nunca mais parou — tanto que o seu nome nos dias de hoje parece estar associado a uma grande fatia dos projetos que estreiam anualmente. “Nip/Tuk” (2003-2010), “Glee” (2009-2015), “Pose” (2018-2021), “9-1-1” (2018-2022), “American Horror Story” (2011-2022) e até a série de antologia “American Crime Story”, são apenas exemplos de trabalhos bem conhecidos e premiados com o seu cunho.
Mais recentemente, a contas com um alegado mega-chorudo negócio acertado com a Netflix em 2018, criou vários conteúdos para a plataforma: “The Politician” (2019), “Hollywood” (2020) e “Halston” (2021) a meias com Ian Brennan, ao passo que em “Ratched” (2020) dividiu os créditos com Evan Romansky. No entanto, agora, em 2022, Murphy está novamente em altas, a contas com uma minissérie de 10 episódios que está a deixar a Internet, e particularmente o Twitter, num autêntico frenesim em estado de ebulição que está a tirar o sono a muito boa gente. Falamos, claro, de “Dahmer - Monstro: A História de Jeffrey Dahmer" (2022).
Medir este “alvoroço”, graças aos tempos modernos e avanço tecnológico, é mais ou menos fácil — são 196,2 milhões de horas visualizadas na semana de estreia. E nós sabemos: dá para ver que são muitas horas, mas sem explicação é só um número gigante. Por isso, acrescentamos que estão ao nível de “Squid Game” e a última temporada de “Stranger Things” (ainda que tenha tido dois dias a mais para o feito, uma vez que estreou a uma quarta-feira e não a uma sexta, como aconteceu com a concorrência). Ou seja, quem tem Netflix, independentemente da razão, é provável que esteja a ver e a inteirar-se desta história. Portanto, impõe-se a questão: o que tem de especial para tanto alarido?
Ora, tem um assassino em série que cometeu crimes macabros e inenarráveis. Entre 1978-1991, Jeffrey Dahmer (Evan Peters) matou 17 pessoas sem grande vigilância por parte das autoridades, e Ryan Murphy e Ian Brennan colocam a nu o racismo sistémico e negligência da polícia à época. No entanto, para a Netflix e Murphy, o sucesso trouxe igualmente uma grande dose de polémica: é que para muitos esta história de true crime (explorada em documentários, filmes, séries e podcasts ao longo dos anos) é mero entretenimento, mas para as famílias das vítimas é o reviver um tormento causado por um homem sem escrúpulos. A par, há quem assinale ainda o facto de a série ter colocado em cima da mesa os problemas do género.
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