O concerto celebrativo realiza-se às 17:00, no grande auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e, além da estreia absoluta da peça de Luís Tinoco, o programa inclui o Concerto para Violoncelo, de William Walton, em que é solista Johannes Moser, e “Assim Falou Zaratustra”, de Richard Strauss.

Em declarações à agência Lusa, Luís Tinoco afirmou: “Foi com grande felicidade que aceitei o desafio para me associar a este momento de celebração na vida de uma orquestra com tantos músicos e amigos que muito admiro”.

Sobre a composição “Cassini — para Orquestra Sinfónica”, uma encomenda do Teatro Nacional de S. Carlos (TNSC), Tinoco explicou que “o título recolhe inspiração no projeto espacial ‘Cassini-Huygens’ que, em outubro de 1997, enviou uma sonda não tripulada rumo a Saturno, numa viagem de duas décadas que culminou em setembro de 2017 com um mergulho planeado na atmosfera do planeta, causando a destruição do engenho para evitar uma possível contaminação com micro-organismos terrestres, na eventualidade de uma colisão com alguma das luas de Saturno”.

“No seu longo percurso, Cassini sobrevoou Vénus e Júpiter, descobriu novos satélites, estudou ambientes potencialmente habitáveis nas luas de Saturno e recolheu imagens deslumbrantes que continuam a ser-nos reveladas hoje, já depois de concluída a missão”, prosseguiu o compositor, que destacou o dia, em julho de 2013, em que “a sonda voltou a sua câmara em direção à Terra, obtendo uma fotografia que revelou o conjunto completo do planeta Saturno, seus anéis e diversos satélites, além de incluir os planetas Terra, Marte e Vénus”.

Nesse dia de julho de 2013, a comunidade científica convidou as pessoas a olhar para o céu no momento da fotografia e sorrir para a câmara.

“A ideia de um engenho espacial que atravessa os anéis de Saturno e se ‘suicida’, mergulhando na sua atmosfera, serviu de inspiração a uma música que se inicia tranquila e com uma cadência lenta, explorando sonoridades mais estáticas que, gradualmente, se agitam e intensificam como que fazendo coincidir a música com a travessia de Cassini por entre os anéis do planeta”, explicou o compositor.

Segundo Tinoco, “tal como este maravilhoso engenho que viajou durante duas décadas para sondar mistérios do passado” e abrir “pistas para o futuro, uma orquestra sinfónica é, também, um espaço de descoberta, de exploração da grande música de outros tempos e laboratório para aqueles que escrevem música hoje, sondando e pesquisando alguns dos caminhos sonoros do presente”.

O compositor realiza, no âmbito da atual temporada sinfónica, uma residência artística no TNSC, do qual a OSP é um dos corpos artísticos, em que, além de um ‘workshop’ a novos compositores, tem apresentado novas composições.

A OSP foi criada em 1993 e tem vindo a apresentar atividade sinfónica própria e uma programação regular de concertos.

A discografia da OSP conta com dois CD, um sob a direção do seu primeiro maestro titular, Álvaro Cassuto, e o segundo da responsabilidade de Julia Jones, que foi também sua maestrina titular de 2008 a 2011, tendo sido rendida pela atual maestrina, Joana Carneiro.

No cargo de maestro titular, estiveram também José Ramón Encinar (1999/2001) e Zoltán Peskó (2001/2004).