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O último legado de Bruce Lee
Há 50 anos, pouco antes da sua trágica morte, Bruce Lee andava a vender um argumento de oito páginas para uma série em Hollywood. Nela participava um jovem imigrante chamado Ah Sahm, que chegava a São Francisco, nos EUA, no final do século XIX, vindo da China, e que era obrigado a ultrapassar uma conjunto de obstáculos da época. O projeto acabou por acontecer no ano seguinte, mas protagonizado por um ator branco e sem nunca atingir grande sucesso.
Avançando para 2019, as novas consciências relativas ao racismo e à necessidade de maior representatividade no mundo do entretenimento americano levaram a que o argumento inicial voltasse a ganhar vida com uma história mais complexa e um contexto das personagens mais adaptado aos dias de hoje. Em “Warrior”, disponível na HBO Portugal, Ah Sahm e o período de São Francisco mantêm-se da ideia original, mas agora este procura a irmã perdida há vários anos e é obrigado a juntar-se a uma das máfias chinesas (também conhecidas por “tongs”) que controlam a cidade e que têm vários conflitos entre si, quer através de armas quer através das lutas de artes marciais que tornaram Lee famoso.
Como conflitos em Chinatown não são suficientes, no mundo reimaginado de Bruce Lee, também existe a comunidade americana local (ou imigrantes irlandeses que apenas chegaram mais cedo, depende da perspetiva) que temem perder os seus empregos para a mão-de-obra chinesa barata, mais apelativa para os magnatas que controlam as fábricas da cidade. É verdade, já vimos isto em algum lado.
Entre esta amálgama de lutas sociais, há sempre o poder político, desta vez representado por um senador de São Francisco e pelas hierarquias da polícia, que tendem a beneficiar de uma corrupção aqui e acolá, enquanto tentam proteger as ruas de uma cidade que parece estar sempre à espera de uma guerra. A palavra “warrior”, no entanto, em inglês aplica-se tanto a guerreiros como a guerreiras e, como sinal dos tempos, há também oportunidade para dar o protagonismo devido a personagens femininas, desde a dona de um bordel que luta contra injustiças à mulher do senador que não tem medo de ter ideias próprias e de fazer o seu caminho.
- Isto faz-me lembrar algo: o criador da série é Jonathan Tropper, que também foi responsável por “Banshee”, que tinha tanto o registo de ação como a interligação de narrativas de diferentes comunidades numa única região.
- A segunda temporada chegou: o primeiro episódio estreou esta semana, por isso, vais mais que a tempo de fazer um binge da primeira e passares a acompanhar a série nas próximas semanas.
Se Sinatra cantasse sobre o ambiente era assim
Poucas vozes geram tanto consenso como o senhor do qual vou falar de seguida. David Attenborough, aos 93 anos, é tido como uma das maiores personalidades no mundo inteiro devido à sua carreira não apenas como um biólogo, mas como um comunicador nato que, ao longo de mais 60 anos, permitiu, através de diversos programas televisivos, que as pessoas ficassem a conhecer um pouco melhor o seu planeta e os desafios que este enfrenta.
É uma altura complexa para a sustentabilidade e para o combate às alterações climáticas. A pandemia causou uma volta de 180 graus em todas as nossas vidas e, num contexto em que as pessoas estão preocupadas em como podem arranjar (ou não perder) o seu emprego e em que milhões de negócios enfrentam desconfiança por parte de consumidores com medo de apanhar o vírus, é “normal” que temas ambientais e de sobrevivência das espécies passem para segundo plano, como um assunto menos urgente.
É essa dita normalidade que Attenborough tenta corrigir com o seu mais recente projeto para a Netflix “Uma Vida no Nosso Planeta”. O filme documental é mais autobiográfico que muitos dos programas que tornaram o britânico famoso e nele, aproveita o seu percurso de vida para explicar o caminho que a Terra fez nos últimos milhões de anos até ao seu estado atual. Há espaço para mostrar o progresso e os erros que a Humanidade cometeu nos últimos anos, para revisitar algumas das espécies e locais que mais sofreram com a mudança do planeta e ainda para números que dão contexto e peso às palavras de David Attenborough: a percentagem de vida selvagem existente que atinge níveis preocupantes (de 65% para 35% nos últimos 60 anos), os níveis de carbono na atmosfera que nos fazem questionar se é possível “voltar atrás” e a população mundial, cujo crescimento causa problemas de gestão de recursos e divisão de espaço.
Isto tudo para quê? Para dizer que estamos destinados a viver os nossos últimos anos no planeta? Para revelar como é que o mundo vai acabar? Não tanto como vai mas como pode. E apesar disso, o objetivo é reforçar que ainda há esperança, que ainda vamos a tempo de reverter situações que colocam não só animais e biodiversidade em risco de desaparecer, mas todos nós. Numa altura em que tantas pessoas espalhadas pelo mundo, incluindo líderes de algumas nações poderosas, continuam a referir-se a este tema como uma grande conspiração, é bom aprender com voz informada e serena.
- Estrela de Instagram: Attenborough tornou-se na personalidade que mais rapidamente chegou ao 1 milhão de seguidores na rede social. Sim, mais rápido que Cristiano Ronaldo e mais rápido que Jennifer Aniston, cujo recorde o inglês bateu por 32 minutos (demorou 4 horas e 44 minutos).
- Neste caso, mais é mais: além de vários conteúdos no YouTube, a série “Our Planet” produzida pelo biólogo para a Netflix também recebeu vários elogios.
Romance de quatro patas à base de almôndegas
À procura de um filme romântico para o fim-de-semana? O remake de uma das histórias de amor mais conhecidas de sempre pode ser a companhia perfeita. “A Dama e o Vagabundo” foi originalmente lançado pela Disney em 1955 e tornou-se num dos seus filmes de maior popularidade entre jovens e adultos das gerações seguintes. Dificilmente existe alguém que, mesmo nunca tendo visto o filme, não tem presente na memória a imagem dos dois cães a partilhar um prato de esparguete com almôndegas ao luar.
Mais de 60 anos depois, um live-action, no seguimento de projetos como “O Rei Leão”, “Alladin” e “Dumbo” foi lançado diretamente na Disney+, como parte da oferta da plataforma de streaming, quando esta ficou pela primeira vez disponível nos EUA e em mais alguns países, em novembro de 2019. Comparado com original tem mais trinta minutos de tempo de ecrã devido a algumas liberdades que foram tomadas com os efeitos especiais que a tecnologia hoje permite. Mas vamos, então, relembrar a história.
A Dama (“Lady” em inglês) é a cadela de um casal de classe média alta que, antes de dar o passo mais sério de ter um filho, decidiu ver como é que se saía a cuidar de um animal, não fosse a coisa dar para o torto. Durante anos, levaram-na a passear, escovaram-lhe o pelo e deixaram que ela dormisse diariamente na sua cama. A vida não podia ser mais feliz até ao dia em que a sua dona começou a crescer uma barriguinha. Com um bebé cá fora, Dama deixou de ser a prioridade, mas continuava a viver em negação, mesmo depois de conhecer Vagabundo (“Tramp” em inglês), um cão rafeiro que se escondeu no seu quintal e que lhe tentou descrever a sua nova realidade.
Uma série de acontecimentos vai levar a que Dama acabe perdida na cidade e quem melhor que Vagabundo para lhe mostrar os prazeres de ser livre, dos truques para sobreviver na rua e não ir parar a um canil e, claro, para levá-la a jantar fora no momento que tornou a história famosa? O desfecho é ligeiramente diferente do original, mas nada como veres por ti próprio e tentares encontrar aquilo que mudou nesta nova versão. O que não muda é a analogia para classes sociais, o clima de romance e o poder que cães têm no grande ecrã de nos fazer soltar um “Oh, que queridos”.
- Caras conhecidas: Justin Theroux (“Leftovers”) como Vagabundo, Tessa Thompson (“Thor: Ragnarok”) como Dama e com Sam Elliott e Janelle Monáe a darem voz a personagens secundárias.
- Como surgiu a história: de uma mistura de ideias na realidade. “Lady” era o nome da cadela do artista por detrás do filme animado, que tinha sofrido quando o seu dono teve uma bebé nos anos 30. “Tramp” surgiu de uma história presente na revista Cosmopolitan em 1945 intitulada “Happy Dan, The Cynical Dog” que Walt Disney leu e decidiu juntar ao projeto Lady que a sua empresa estava a desenvolver.
O passa(tempo) que interessa
Para celebrarmos a edição número 50 da nossa newsletter, lançámos um passatempo que vai decorrer durante todo o mês de outubro no qual te podes habilitar a GANHAR 1 ANO DE NETFLIX (com dois cartões de oferta de 50 euros)!
Mais umas semanas, o frio regressa e os programas de sofá voltarão a fazer parte da tua rotina, por isso, esta é a melhor altura para começares a fazer a tua lista das séries e filmes que te vão fazer companhia.
Para participares, basta ires a este link e fazeres três coisas:
- Subscrever a newsletter (para muitos o primeiro passo está feito)
- Seguir o Instagram do Acho Que Vais Gostar Disto
- Responder à pergunta "Se só pudesses ver uma série o resto da tua vida, qual seria e porquê?"
Quem sabe se, no próximo ano, até não és tu a fazer-nos as recomendações!
Nota: a Netflix não patrocina o passatempo, nem tem qualquer tipo de afiliação à newsletter.
Créditos Finais
- Nas lojas a partir de hoje: Numa época desportiva atípica, o que não muda é o lançamento do videojogo de futebol mais famoso em todo o mundo, o FIFA21. Passa estar disponível para a Playstation 4 a partir de hoje e para a Playstation 5 quando for lançada no próximo mês. Vê aqui o trailer do jogo.
- Como fazer planos: é difícil estarmos a par dos diferentes eventos que estão a acontecer de Norte a Sul do país. É, por isso, que a Agenda do SAPO24 é tão útil para encontrares coisas que te possam interessar, como por exemplo, a Festa do Cinema Francês que vai decorrer até ao próximo dia 18 de outubro ou um workshop online de escrita criativa.
- Era mais um, por favor: A SIC vai lançar um novo serviço de streaming - o Opto SIC - que irá incluir conteúdo exclusivo de Ricardo Araújo Pereira, Bruno Nogueira e Ljubomir Stanisic, documentários e ainda um programa informativo apresentado por Clara de Sousa. Terá uma versão grátis e outra premium que irá custar 3,99 euros/mês ou 39,99 euros/ano. Vamos ver como corre.
- No Dia Mundial do Ovo: para celebrar esta incrível data, relembramos a imagem que detêm o maior número de likes no Instagram. Vê qual é aqui.
Tens recomendações de coisas que eu podia gostar? Ou uma review de um dos conteúdos que falei?
Envia para miguel.magalhaes@madremedia.pt
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