
"Preocupa-nos o esvaziamento cultural do centro da cidade de Lisboa em termos de cultura feita e aprendida e ensinada no centro de Lisboa. Infelizmente, por várias razões, as pessoas têm achado que as cidades podem esvaziar o seu centro e o centro acaba ocupado por imobiliário de luxo e pelo turismo e isso é mau”", considerou Rui Tavares.
O porta-voz do Livre falava à Lusa no final de uma reunião com o presidente da direção da Academia de Amadores de Música (AAM), Pedro Barata, para acompanhar a situação em que a instituição de ensino de música se encontra, uma vez que terá de abandonar o nº18 da Rua Nova do Trindade, ao Chiado, depois de um aumento de renda de 542 para 3.728 euros.
Neste momento, a hipótese que está em cima da mesa é a compra de um edifício na Avenida de Berna, pela Câmara Municipal de Lisboa. “Não é a solução ideal para a Academia”, considerou Rui Tavares.
Rui Tavares disse que o Livre vai “procurar que saia desta solução o melhor possível para a cidade e para a cultura na cidade de Lisboa”.
Ainda que considere que a solução ideal seria transferir a Academia de Amadores de Música para o edifício do Tribunal da Boa Hora, que encerrou em 2009, o dirigente do Livre considerou que o edifício na Avenida de Berna “tem algum potencial”.
Além da proximidade com a Fundação Calouste Gulbenkian e com a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, este novo edifício “pode transformar-se numa casa da criação, um novo tipo de entidade cultural”, defendeu Rui Tavares.
Durante a visita dos dirigentes do Livre, Pedro Barata explicou que o que está a acontecer neste momento “é uma negociação tripartida entre a Câmara Municipal de Lisboa, a Estamo [proprietária do edifício da Avenida de Berna] e a Academia”.
“A câmara compromete-se a adquirir o edifício para que nós o possamos ocupar como inquilinos. Enquanto todo esse processo não é feito, e até à escritura final de venda, a ideia é que a Academia possa fazer um contrato de arrendamento muito temporário à Estamo, mas que nos permita ocupar o espaço”, explicou o presidente da direção desta academia.
Pedro Barata alertou também para a necessidade de financiamento para fazer obras no novo edifício, que não tem atualmente condições para receber uma academia de música.
Pela Academia, fundada em 1884, passaram nomes conhecidos da música como Carlos Bica, Pedro Ayres Magalhães ou Teresa Salgueiro, bem como clássicos como Fernando Lopes Graça, que foi diretor da Academia, Luís Freitas Branco e Emanuel Nunes.
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