Em Lisboa, o esloveno já foi orador numa ‘Fuckup night’ (noites sobre fracassos) e repetiu em voz alta - “eu falhei” - ou seja a frase que marcou a sua recuperação pessoal e profissional.
“Fracasso é apenas uma outra palavra para aprender. Porque nunca se diz que se fracassa em andar de bicicleta, mas sim que se aprende a fazê-lo?”, questiona retoricamente, em entrevista à agência Lusa.
Miha Matlievski chegou aos 30 anos com três empresas na área da Energia e uma no setor da construção, que “foi o seu pior falhanço”.
Enquanto desenvolvia a empresa surgiu a crise financeira e “tudo foi abaixo” em apenas duas semanas. E, se inicialmente, entre depressão e ansiedade, o esloveno culpava os outros, depois passou a auto responsabilizar-se.
“Ainda sinto arrepios” é como começa a história sobre o momento em que descobriu o seu fracasso: no último dia do prazo para garantir oito mil euros que pagassem um processo judicial contra o governo, o que lhe poderia devolver a fortuna.
“E com a respiração pesada, eu disse pela primeira vez: eu falhei. Eu não consigo fazer isto, eu falhei. E nesse momento um peso enorme saiu do meu peito e tudo começou a ficar claro e percebi que precisava das lições”, relata o esloveno, que garante ter preenchido o “vazio” da vida passada quando o mais importante eram carros, restaurantes e viagens de luxo.
Há dois anos, fundou uma ‘startup’ no setor da Energia e “está a fazer exatamente o contrário do que fez antes”, juntando ainda a atividade de ‘fail coach’ (treinador no fracasso) para ajudar a quebrar o “tabu do fracasso”.
Sofia Ferreira Simões importou o conceito de ‘Fuckup night’ do México, com a esperança de contribuir para a diminuição das estatísticas, que mostram que 80% das empresas em Portugal fecham antes de completarem três anos de atividade.
“Há muita vergonha associada ao facto de nós falharmos, especialmente quando as pessoas falham a primeira, a segunda, a terceira e a quarta vez. Parece que essa carga negativa vai ficando mais forte e vai tendo um maior peso, ao ponto de duvidarmos se somos capazes” e, por isso, a empresária quis partilhar histórias para que haja menos falhanços ou pelo menos falhanços diferentes.
No palco, a apresentação dos oradores não é ‘sou um fracassado’, mas antes ‘eu falhei’, detalha a fundadora da Smart Lunch, referindo que a mensagem partilhada é o “fracasso na perspetiva de superação”.
“Contar que eu fracassei, mas estou aqui. Eu sobrevivi e estou a fazer coisas novas e a correr bem. É passar uma mensagem de esperança e puxar pela crença de que não há becos sem saída”, diz.
E para o provar está Miha Matlievski que depois de passar de 14 milhões de euros para menos quatro garante que se amanhã o seu avião cair, vai morrer feliz.
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