A questão da editora do Business Insider foi muito direta e a resposta do CEO da Vox Media também. Alyson Shontell queria saber se os jornalistas continuavam a ser objetivos, tendo em conta as últimas presidenciais dos Estados Unidos e os acontecimentos relacionados com o movimento Black Lives Matter [Vidas Negras Importam], depois da morte do cidadão norte-americano negro George Floyd pelas mãos da polícia. "Todos os nossos editores percebem que existe o certo e o errado", respondeu Jim Bankoff.
Numa entrevista com uma audiência de cerca de mil pessoas via virtual, e quase a fechar o segundo dia de Web Summit, o CEO do grupo de media afirmou que "existe clareza moral em torno de algumas questões", uma vez que "o racismo é cruel e errado" e que "isso não é discutível". Bankoff diz mesmo que que a Vox se empenhou "despertar [a audiência] para os vários momentos da violência policial". E é neste contexto que esclarece que a companhia tem uma série de valores no sentido da inclusão e da equidade, e revela que estão "a mudar muito o seu processo de recrutamento", no sentido de "abrir espaço" para contratar "pessoas incrivelmente talentosas" que podem "partilhar a sua voz".
Sobre a propagação da desinformação nas redes sociais, o CEO da Vox considera que "são necessárias reformas", nomeadamente no Facebook. "Eu não quero destruir as plataformas, mas acho que elas têm uma responsabilidade", afirma. Elogia o trabalho feito pela Google e pela Apple na seleção de informação de qualidade, mas deixa críticas ao Facebook por "aquilo que escolhe amplificar tendo em conta os seus algoritmos [visualizações, partilhas, etc.], já que "amplificar algo só por causa da sua interação às vezes tem as consequências más que já pudemos observar", remata.
No que toca ao tema incontornável, a COVID-19, o gestor garante que a saúde física e mental dos trabalhadores foi prioritária e que estes tiveram ordem de fazer trabalho remoto "mesmo antes de haver alguma comunicação oficial do Governo [norte-americano] nesse sentido". Do outro lado da balança, Bankoff compara a Vox a um cubo de rubik (cubo colorido com faces rotativas), já que o grupo de média de 13 propriedades diferentes, ou seja é polivalente, e ultimamente tem notado o crescimento na audiência e nas subscrições.
O aumento destes números, explica, deve-se à "qualidade das plataformas" e à "forma profunda" como a Vox sabe "conectar-se com a audiência". Bankoff usa como exemplo o canal de Youtube da companhia, que afirma ser já o maior canal de vídeos na categoria de notícias. De olhos postos no futuro, considera que agora o grupo "está a trabalhar para se posicionar no sentido de captar as grandes tendências". Um dessas tendências será, nas palavras do CEO, a transição do comércio presencial para o digital.
Em jeito de despedida, fica o conselho para os novos empreendedores, na linha do resto da conversa: a qualidade. "Foquem-se na qualidade e em algo que possa crescer ao mesmo tempo. (…) A qualidade tem sido o caminho para o nosso crescimento. (…) Nós temos sido ambiciosos e agressivos. E eu recomendaria isso a outros empreendedores: façam aquilo que acham que é melhor, mas façam-no com qualidade que possa crescer à escala".
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