“Encontrei-me com Paddy Cosgrave, co-fundador do Web Summit, durante o Web Summit Rio. Paddy é um amigo de Cabo Verde e já visitou o nosso país anteriormente. Discutimos a possibilidade de organizar um Web Summit em menor escala na ilha do Sal, aproveitando o seu potencial turístico e de inovação”, anunciou Ulisses Correia e Silva, através de uma mensagem na sua conta oficial na rede social Facebook.
“Como primeiro-ministro, estive presente em todas as edições do Web Summit e acredito que levar este evento inspirador para Cabo Verde ajudará a impulsionar o nosso ecossistema empreendedor e a promover a nossa nação no cenário global. Queremos explorar esta oportunidade e receber líderes tecnológicos e inovadores em Cabo Verde”, acrescentou.
O chefe do Governo cabo-verdiano está no Brasil e participou na quarta-feira numa palestra na Web Summit, em que procurou demonstrar as qualidades do país para investidores e nómadas digitais que queiram se instalar na ilha.
Além da presença do primeiro-ministro cabo-verdiano, o país está representado, desde segunda-feira, com duas ‘startups’, através do programa “GoGlobal”, operacionalizado pela Cabo Verde Digital, num primeiro contacto do país com o mercado da América Latina neste setor na Web Summit, que reúne anualmente em Lisboa empreendedores, ‘startups’, investidores e líderes de empresas de tecnologia de todo o globo, e que foi alargado pela primeira vez ao Brasil.
Em fevereiro de 2020, antes dos efeitos da pandemia de covid-19, Paddy Cosgrave visitou a Praia e admitiu realizar em Cabo Verde um evento dentro do universo da conferência tecnológica dedicada às energias renováveis, área em que o país é uma referência em África.
Reuniu-se então com o primeiro-ministro, encontro que serviu, explicou no final, para “falar sobre ‘startups’ e inovação”, apostas definidas pelo executivo liderado por Ulisses Correia e Silva.
Paddy Cosgrave destacou que neste processo de desenvolvimento que assenta no objetivo de transformar Cabo Verde numa plataforma digital internacional, o “ingrediente crítico será sempre a próxima geração” e a sua formação.
“Acho fantásticas as iniciativas projetadas para ajudar a próxima geração a envolver-se na inovação, particularmente na programação. E ensinar os mais jovens quase como se fosse uma segunda linguagem, do meu ponto de vista, é a estratégia correta”, admitiu.
Questionado pela Lusa sobre a realização de um evento tecnológico em Cabo Verde, o empreendedor irlandês admitiu estar a estudar essa possibilidade, embora à escala do país, diferente da maior conferência de tecnologia e empreendedorismo do mundo, a Web Summit, que se realiza anualmente em Lisboa.
“Fazemos muitos eventos em todo o mundo, as pessoas pensam sempre na Web Summit, porque é muito grande, com 70.000 pessoas, mas também organizamos muitos eventos com 100 ou 150 pessoas. Penso que [Cabo Verde] podia ser uma localização fantástica para um evento com o tamanho certo e o foco correto”, explicou.
Com uma taxa de penetração de produção de energias através de fontes de renováveis que em 2018 foi de 20,3% do total e que não tem parado, sobretudo assente na geração fotovoltaica e eólica, e a previsão de chegar aos 100% em 2050, Paddy Cosgrave sublinhou que esse pode ser precisamente o mote de uma conferência em Cabo Verde.
“Fazemos muito trabalho sobre a inovação relacionada com os oceanos e o ambiente, incluindo energias renováveis. Acho que é extraordinária a percentagem de energia que aqui é gerada pelas renováveis, por isso estas são áreas para analisar”, disse.
Além de fundador da Web Summit, Paddy Cosgrave é também responsável por outros eventos tecnológicos e de diferentes perspetivas em vários países.
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