Paz na Ucrânia. As conversações são para ser levadas a sério?
O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, reduziu neste domingo as expectativas sobre as próximas conversas com autoridades da Rússia para encerrar a guerra de quase três anos com a Ucrânia.
Durante a campanha, o presidente Donald Trump afirmou que encerraria a guerra num dia se fosse reeleito, mas Rubio disse em entrevista ao canal CBS que "não será fácil" resolver o conflito.
"Um processo rumo à paz não é questão para uma reunião", ressaltou Rubio, que vai liderar a delegação dos Estados Unidos durante um encontro com autoridades russas nos próximos dias, na capital saudita. As autoridades da Ucrânia não vão participar no encontro.
"Ainda não há nada concreto", disse Rubio, acrescentando que o objetivo é procurar uma abertura para uma conversa mais ampla, que "incluiria a Ucrânia e implicaria o fim da guerra". O assessor de Segurança Nacional, Michael Waltz, e o enviado para o Médio Oriente, Steve Witkoff, devem unir-se a Rubio em Riade.
A reunião vai acontecer depois de Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, terem decidido iniciar negociações para um cessar-fogo.
Em entrevista ao canal NBC, o presidente ucraniano disse hoje que seu par russo é um mentiroso em série, e que não se pode confiar nele como negociador. "Os próximos dias e semanas vão determinar se Putin é sério ou não."
Já em Paris, os líderes dos "principais países europeus" reunir-se-ão, na segunda-feira, para abordar a situação da Ucrânia e a segurança na Europa, depois do governo dos Estados Unidos ter dado a entender que negociará diretamente com a Rússia para encerrar a guerra em solo ucraniano.
O presidente francês Emmanuel Macron receberá "os principais países europeus" para discutir a "segurança europeia", confirmou o chefe da diplomacia francesa, Jean-Noël Barrot, na rádio France Inter este domingo.
O ministro não especificou quem participará nesta "reunião de trabalho", mas, de acordo com uma fonte diplomática europeia, Alemanha, Polônia, Itália, Dinamarca e Reino Unido, mesmo não fazendo parte da União Europeia, estarão presentes.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, também irão estar no encontro que foi organizado com urgência, segundo a mesma fonte.
A reunião ocorre num momento particularmente sensível para as relações transatlânticas.
O presidente americano, Donald Trump, surpreendeu os europeus na quarta-feira ao afirmar que havia conversado com o presidente russo, Vladimir Putin, para iniciar negociações sobre a Ucrânia.
O anúncio fez com que os líderes europeus temessem ficar excluídos das negociações para colocar fim à guerra na Ucrânia, invadida pela Rússia em fevereiro de 2022.
A questão foi um dos principais tópicos da Conferência de Segurança de Munique, que começou na sexta-feira e termina hoje.
Na cimeira, o enviado especial de Trump para a Ucrânia, Keith Kellogg, afirmou, em resposta a uma pergunta sobre a participação europeia nas negociações: "Eu pertenço à escola realista, não acho que isso vá acontecer".
O chefe da diplomacia francesa enfatizou que "somente os ucranianos podem decidir parar de lutar, e nós os apoiá-los-emos enquanto não tomarem essa decisão".
"Não vão parar até que tenham certeza de que a paz oferecida será duradoura" e até que tenham garantias de segurança, acrescentou Barrot sobre os ucranianos.
Zelensky lembrou ontem que a Rússia vai declarar guerra à NATO, se Trump reduzir o seu apoio a esta aliança, pedindo que os aliados reforcem as forças armadas.
O Governo português estará ausente da reunião informal de segunda-feira de um grupo de líderes europeus, promovida pelo presidente francês, adiantou fonte do executivo à Lusa, assegurando que o país está em "permanente contacto com os parceiros". |
Questionado pela Lusa sobre se Governo português iria estar presente, a mesma fonte referiu que se trata de "uma reunião informal de um grupo de líderes" e "não substitui as instâncias de decisão da União Europeia".
"O Governo está em permanente contacto com os parceiros europeus e transatlânticos sobre a Ucrânia e está disponível para contribuir para uma solução de paz justa, inclusiva e duradoura, que acautele garantias de segurança efetivas para a Ucrânia", acrescentou ainda.
Segundo a mesma fonte, o executivo português acredita que a União Europeia "terá um papel importante a desempenhar em qualquer solução de paz".
O Presidente francês, Emmanuel Macron, vai reunir "os principais países europeus" em Paris, na segunda-feira, para discutirem a "segurança europeia", confirmou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot.
Segundo as agências de notícias internacionais, nesta reunião estará a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, assim como chefes de Governo de sete países e o secretário-geral da NATO, Mark Rutte.
Alemanha, Reino Unido, Itália, Polónia, Espanha, Países Baixos e Dinamarca são os sete países representados.
Paz de longo prazo
Os europeus devem fazer "mais e melhor" pela sua segurança coletiva, dada a "aceleração" sobre a Ucrânia e as posições tomadas pelos Estados Unidos, considerou a presidência francesa ao convocar a reunião.
"Consideramos que há, como resultado da aceleração da questão ucraniana, como consequência também do que dizem os líderes americanos, uma necessidade de os europeus fazerem mais, melhor e de forma coerente pela nossa segurança coletiva", disse um conselheiro do Presidente Emmanuel Macron.
A reunião "terá como objetivo facilitar a continuação das conversações em Bruxelas", segundo Paris, e, embora iniciada num formato restrito "por razões práticas", pretende que seja alargada, porque "todos estão preocupados, todos devem poder participar da conversa".
Enquanto a França promoveu esta reunião, os países bálticos pedirem ações para fortalecer Kiev em quaisquer negociações futuras.
O Presidente finlandês, Alexander Stubb, apelou, no último dia da Conferência de Segurança de Munique, a uma "pressão máxima sobre a Rússia" através de sanções e congelamento de bens antes de quaisquer negociações.
O chefe de Estado deste país vizinho da Rússia estabeleceu três fases: "pré-negociação", cessar-fogo e negociações de paz de longo prazo.
"A primeira fase é a pré-negociação, e este é um momento em que precisamos rearmar a Ucrânia e colocar pressão máxima sobre a Rússia, o que significa sanções, o que significa ativos congelados, para que a Ucrânia comece essas negociações a partir de uma posição de força", disse Stubb.
"Penso que, na Europa, temos de falar menos e fazer mais", afirmou ainda disse o Presidente finlandês, que defendeu que a Europa deve assumir as suas responsabilidades e pensar em formas de trazer valor acrescentado para os EUA.
O Presidente da Letónia, Edgars Rinkevics, país que também faz fronteira com a Rússia, concordou que os países europeus devem mostrar a sua força.
"Se formos fortes, se tivermos algo para oferecer [...] vamos ser interessantes para os Estados Unidos. Se continuarmos a ter estas conferências agradáveis, a falar e a lamentar, não seremos interessantes [nem] para os nossos próprios públicos muito em breve", alertou.
Os esforços por uma posição da Europa, principal financiador militar e financeiro da Ucrânia, juntamente com os EUA, ocorre no momento em que o governo de Trump tenta rapidamente mediar o fim dos combates, três anos após a guerra lançada pela Rússia contra a Ucrânia.
A pressão do Presidente dos Estados Unidos por uma saída rápida para a guerra total da Rússia na Ucrânia gerou preocupação e incerteza em Munique.
Após um telefonema com o Presidente russo, Vladimir Putin, na semana passada, Trump disse que os dois provavelmente vão reunir-se em breve para negociar um acordo de paz.
Mais tarde, Trump garantiu ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, que também teria um lugar à mesa, mas as autoridades dos EUA deram o sinal de que as nações europeias não estariam envolvidas.
Na conferência de Munique, Zelensky pediu a criação de uma "força armada da Europa" para melhor enfrentar uma Rússia expansionista que também poderia ameaçar os 27 países da UE.
O Presidente ucraniano defendeu que a Europa deve ter uma voz ativa nas conversações para pôr fim ao conflito, afirmando que "a paz real é possível", mesmo que haja diferentes tentativas de Putin para "enganar o mundo inteiro e prolongar a guerra".
"Temos de a alcançar [a paz]: a Ucrânia, os Estados Unidos e a Europa. Esta é a nossa segurança comum", realçou Volodymyr Zelensky.
*Com agências
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