O mundo está melhor do que pensamos e isso também é notícia
“Factfulness” é o título do livro escrito por Hans Rosling em conjunto com Ola e Anna Rosling, um projeto de família que, mais que profissional, é científico. Uma boa leitura para aqueles dias, e são demasiados, em que o mundo parece só nos devolver notícias más das quais nós, jornalistas, somos os mensageiros. É uma conversa mais longa do que estas breves linhas permitem, mas muito discutida nas redações. O que é notícia? Ou, mais em concreto, porque razão só as notícias do que vai mal parecem ser notícia?
Começando pela segunda pergunta: não é verdade que só as notícias do que vai mal sejam notícia e, acreditem na palavra de quem já faz notícias há uns anos, também não é verdade que os jornalistas apreciem esse papel de levar até ao público em geral informação sobre o que está errado, o que causa dor ou o que retira esperança na humanidade.
Mas, e daí a primeira pergunta, há uma essência na noticia que não pode ser esquecida e vou usar uma das definições mais simples que ouvi na minha vida profissional: só é notícia aquilo que alguém não quer que se saiba, tudo o resto são relações públicas. Um exagero, sem dúvida, listaria de bom grado todas as boas notícias que já li, já dei e ainda mais as que gostaria de dar. Mas, a essência é verdadeira, o papel do jornalismo, ao contrário de outras formas que usamos para nos relacionarmos e comunicarmos em sociedade, é de vigilância dos poderes, do que não está bem, do que podia e deveria estar melhor. Depois cabe a cada um fazer a sua interpretação desse papel: pela minha parte, e por aquilo que é a linha editorial do SAPO24, acreditamos que essa é uma missão que deve ser usada para o bem, para melhorar e não para simplesmente desesperar. Sendo que essa consequência das notícias depende de todos e não apenas dos jornalistas.
O que me traz de volta ao livro dos Rosling que, logo na capa, diz ao que vai: “dez razões pelas quais estamos errados acerca do mundo - e porque as coisas estão melhor do que pensamos”. Um pouco mais de detalhe ajuda: “Quando fazemos perguntas simples acerca de tendências globais - qual a percentagem da população mundial que vive na pobreza; qual a razão pela qual a população mundial está a aumentar; quantas raparigas completam os estudos - obtemos respostas sistematicamente erradas. Tão erradas que um chimpanzé que escolhesse as respostas ao acaso faria melhor do que professores, jornalistas, investidores e laureados com o Prémio Nobel. Neste livro, o professor de Saúde Internacional e fenómeno global das conferências TED, Hans Rosling, juntamente com os seus colaboradores de longa data - Anna e Ola - propõe uma nova explicação radical da razão pela qual aquilo acontece. Revelam os dez instintos que distorcem a nossa perspetiva, desde a nossa tendência para dividirmos o mundo em dois campos (em geral, uma versão de “nós e eles”) até à forma como consumimos os média (onde domina o medo) e como percepcionamos o progresso (acreditando que a maior parte das coisas está a piorar. O nosso problema é não sabermos o que não sabemos, e mesmo as nossas conjeturas são determinadas por preconceitos inconscientes e previsíveis.”
Esta premissa é desenvolvida, e fundamentada ao longo das mais de 300 páginas do livro, e se se entusiasmarem com o tema há mais leitura complementar, desde “Os anjos bons da nossa natureza”, escrito por Steven Pinker, até “As notícias”, de Alain de Botton.
A razão porque trago estas leituras até esta crónica é porque também hoje no SAPO24 publicámos uma entrevista que nos faz colocar em perspetiva o que achamos que sabemos. A Isabel Tavares falou com José Correia Guedes, durante 40 anos piloto da TAP (e o único a ser sequestrado, leiam que é uma história deliciosa). Hoje reformado, publicou um livro intitulado “O Aviador", onde conta histórias de uma vida passada nos aviões e dedica um espaço especial a quem tem medo de andar de avião que é só, a par com falar em público, uma das fobias mais comuns da humanidade. Diz ele: “podemos falar do outro lado: os acidentes estão praticamente a acabar. Em 2017 não houve um único morto em todo o mundo - e estamos a falar de milhões e milhões de passageiros que voaram durante um ano em todas as companhias. Nem uma vítima mortal em toda a aviação civil no mundo. É muito mais perigoso andar de cadeira de rodas ou de bicicleta ou de elevador ou de trotineta”. E, sim, a seguir fala-se também de erros humanos, por um lado, e da ilusão que a tecnologia poderá tudo controlar, noutro.
Mas, o ponto aqui, é a perspetiva versus a informação. E, nas palavras de um piloto experiente, a informação é - também - aquilo que nos pode ajudar a vencer o medo e a viver melhor.
De forma alargada, o que “Factfulness” nos diz, a partir de factos concretos, é que o mundo está melhor do que pensamos - e se isso não é notícia, e das boas, não sei o que vos diga.
O meu nome é Rute Sousa Vasco e hoje o dia foi assim. Tenham uma boa semana!
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