Modinhas sem espinhas
Num fim de semana que vai ser pintado pelos desfiles da 53.ª edição da ModaLisboa - um contraste pouco estético, parece-me, com o cinzento que vai voltar aos céus -, não deixa de ser triste que a tendência para os próximos quatro anos políticos que vai sendo anunciada nos comentários das redes sociais é pouco esperançosa.
Falo do que (ainda) é dito sobre a bandeira da Guiné-Bissau erguida atrás de Joacine Katar Moreira no momento em que o Livre festejava, no domingo, a entrada na Assembleia da República. Os ditos são tão racistas, intolerantes, tristes e provocatórios que me recuso a reproduzi-los aqui. Deixo, sim, uma das melhores opiniões que li sobre o tema - eu que pensava que em 2019 isto estava longe de ser um tema, muito menos algo que se arrastasse por cinco dias.
Escreveu Francisco Seixas da Costa no Jornal de Negócios: “Que uma cidadã oriunda da Guiné-Bissau consiga singrar na sociedade portuguesa e, para além de uma carreira académica de relevo, tenha conseguido ser uma das 230 pessoas que os portugueses escolheram para os representar, isso deveria, na minha modesta opinião, constituir um orgulho nacional, um preito à nossa política de integração. Um país que andou pelo mundo tem obrigação de ficar contente que esse mundo, onde também se fala a sua língua, aqui se acolha e viva”.
Também hoje um grupo de conhecidos adeptos do SL Benfica se insurgiu contra a instrumentalização política do clube por parte de André Ventura. Por incrível que pareça (digo eu, que assumo que fui apanhado de surpresa), vi nas redes sociais tantas pessoas a atacar este grupo de adeptos onde se incluem Jacinto Lucas Pires, Henrique Raposo, Pedro Norton, José Eduardo Martins e Ricardo Araújo Pereira como a bandeira da Guiné.
Anuncio chuva, intolerância e instrumentalização política num texto. Mas sabem o que é pior? É que não tenho melhores notícias para lhe dar. Aliás, vai tudo continuar cinzento. Amanhã entra em vigor a proibição da captura, manutenção a bordo e descarga de sardinha, com qualquer arte de pesca.
Para além do fim da sardinha por agora, há quem diga que amanhã também pode ser o fim de Pedro Santana Lopes à frente do Aliança na reunião do Senado que vai debater o fraco resultado das eleições legislativas de domingo.
E pronto, fim das más notícias. Vamos às sugestões para esquecer tudo isto?
Assistir: Há uns anos aprendi a gostar de bailados. Desde então que tento sempre ver, pelo menos, dois ou três por ano no Teatro Camões, aqui em Lisboa. Este sábado, no entanto, a Companhia Portuguesa de Bailado vai até Leiria, distrito de onde sou natural, apresentar "Na Substância do Tempo". Espero que se encha o Teatro José Lúcio da Silva porque só assim é que podemos continuar a reivindicar mais cultura para este belo território 100 quilómetros acima da capital;
Ver: O filme "El Camino", a sequela da série "Breaking Bad" que terminou há seis anos, foi lançado esta sexta-feira na Netflix.
Ouvir: Acontece este sábado a 2.ª edição do festival EA Live em Lisboa, no Campo Pequeno. Com um bilhete pode assistir, da tarde até à madrugada, aos seguintes concertos: Paus, Keep Razors Sharp, Stereossauro, Diabo na Cruz, Capitão Fausto, The Gift, Gabriel o Pensador, DJ Ride, Da Chick DJ Set, Isilda Sanches, Nuno Calado e Isac Ace. Apetecível, não é? Pode comprar os bilhetes aqui.
Relembrar: Faz amanhã 20 anos que a UEFA atribuiu a organização do Campeonato da Europa de futebol de 2004 a Portugal. Proponho que reveja o episódio do “Chegámos Lá, Cambada”, o documentário sobre a seleção portuguesa do SAPO24, sobre esta festa do futebol que há 15 anos invadiu o país.
Mexer: Participe na Caminhada 25 Anos da Acreditar e ajude uma associação que recebe famílias de crianças deslocadas da sua área de residência devido ao tratamento oncológico. Tudo o que precisa de saber está aqui.
O meu nome é Tomás Albino Gomes e hoje o dia foi assim.
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