Os textos reflectem sobre a família e questões de género, e sobre direitos adquiridos que, infelizmente, algumas criaturas – demasiadas – ainda acreditam ser reversíveis. Por arrogância. Por despeito. Por incultura. Um livro é uma arma transformadora do mundo. As palavras têm um poder incalculável. Espalham-se e repetem-se. As ideias que sustentam deveriam estar consagradas num sentido de humanidade. Mas nem sempre é assim. Que haja quem considere pertinente, nesta altura da história do nosso país, da sociedade global, um livro como este, é tão-somente assustador. E revela também um trilho em que muitos desejam andar na senda do poder e que outros, onde me incluo, terão de contrariar.
Talvez fosse de fazer a revisão exaustiva de todos os artigos que compõem o livro, mas confesso o fastio e a necessidade de proteger a minha saúde mental. Uma coisa é certa: quando se inventa uma “ideologia de género”, se invoca a família tradicional e se nega que a mulher tenha sido, ao longo dos séculos, “oprimida e desprezada”, entrámos num campeonato de retrocessos. E os direitos adquiridos são isso mesmo: direitos. Não são temas para ser questionados a partir da moral e, neste caso, a palavra está correcta, ideologia de quem teme o que não conhece, em vez de querer conhecer para partilhar um sentido humanista. Para alguma direita, as questões da sexualidade, da interrupção voluntária da gravidez, da eutanásia ou do casamento e adopção gay são inaceitáveis. Não tiveram capacidade para evoluir? Talvez não.
Uma coisa é certa, o corpo das mulheres é das mulheres; a escolha pelo fim da vida é individual; o casamento, adopção ou orientação sexual gay constituem um direito. Não aceitamos voltar para o armário com direitos adquiridos.
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