Então, seus gordos, esse Natal foi bom? Muita batata a acompanhar o bacalhau? Muito peru e cabrito gorduroso? Muito bolo rei, azevias, sonhos, filhoses e rabanadas? Muito arroz doce e aletria? Muito vinho e bombons de licor de ginja? Quantos quilogramas numa semana? Dois? Cinco? Dez!? Eh, gordos valentes, assim é que é. Os patos têm a produção de foie gras onde são alimentados à força por um tubo. Os humanos têm o Natal em casa da avó que é quase a mesma coisa. Quem diz Natal diz aquela semana que se segue até a Passagem de Ano em que já desistimos da vida saudável e em que comemos os restos todo e ficamos em vinha de alho de 31 para 1 de Janeiro para engordarmos o máximo e parecer mais fácil cumprir a resolução de emagrecer.
Nesta semana cheguei àquele ponto em que se começa a sentir a barriga como que fosse um membro dormente do vosso corpo, sabem? Uma espécie de bolsa marsupial com dois hipopótamos bebés a dormir a sesta. Agora, dia 2 de Janeiro, a ressaca da Passagem de Ano já quase passou toda, já fizemos aquela ultima refeição do condenado do corredor da morte, que consiste em comer fast food dia 1 de Janeiro e estamos, agora, prontos para atacar uma das nossas resoluções mais importantes: perder gordura e ser mais saudável. De Janeiro ao Verão são 6 meses. Meio ano para deixarem de ser esses trambolhos ambulantes que usam a desculpa das hormonas e dos ossos largos para pesarem o equivalente a uma pessoa normal com um porco adulto ao colo.
Está frio em Janeiro e apetece comer comida de conforto com muitas calorias? Está frio e não apetece ir correr ou ao ginásio? Mau, já começam com desculpas? Gostam de ser gordos? Mentira. Deixem de mentir a vocês mesmos. Podem estar confortáveis com a vossa banha, mas se vos dessem a opção de emagrecer sem esforço não queriam? Queriam pois, por isso são é preguiçosos. É o metabolismo que é lento? Balelas, é gula, é o que é. Gordice é mais pecado do que doença. Quando um fumador contrai cancro no pulmão toda a gente diz «É a vida, ele sabia os riscos e a escolha foi dele.» Quando é um gordinho que fica com a arteriazinha entupida e estica o pernil de porco, mesmo que a comida não tenha uma substância viciante com a nicotina, é toda a gente a dizer «Coitado. Entrou numa espiral depressiva em que não conseguia parar de comer. É muito triste esta doença.» Comesse menos. Os únicos obesos pelos quais tenho compaixão são os que sempre foram gordalhufos desde petizes porque os pais achavam que era giro ter a mascote da Michelin lá em casa e lhes davam Cerelac com ketchup entre as refeições. Dizem que a obesidade é uma epidemia e tem de ser combatida, mas se uns pais deixam um filho passar fome são logo sinalizados à protecção de menores, já aos que o engordam que nem um peru recheado ninguém faz nada.
Bem, mas isso é outra conversa. Querem dicas e segredo para conseguirem emagrecer? Aqui vai:
- Comer menos.
- Comer melhor.
- Levantar o rabo do sofá.
Fácil. Perder peso é muito isto, não há propriamente nenhuma ciência. É gastarem mais calorias do que aquelas que consomem, por isso a equação é simples: ou comem menos, ou gastam mais. É simples! Não disse que era fácil, disse que era simples. Não precisam de comprar livros de dieta. Não precisam de nutricionistas que só vos vão ajudar porque as consultas são caras e ficam com menos dinheiro para gastar em comida. É não ser alarve, vocês conseguem, confio em vocês. Ah e desinstalem o Uber Eats do telemóvel. Ninguém consegue emagrecer quando a pizza e hambúrgueres está à distância de 3 cliques. Vá, agora apressem-se que não tarda mete-se a Páscoa e voltamos ao mesmo.
Para ver: "How not to live your life", série da BBC
Para ver: Documentário "Don’t f**ck with cats", no Netflix
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