Mais um tiroteio em massa nos Estados Unidos da América. Eles são bons a matar porque a prática faz a perfeição e só este ano já foram 293 e o ano passado 346, quase um por dia. Neste último, o atirador matou apenas 11 pessoas o que é fraquinho para um país que investe tanto na formação de homicidas em massa. Repararam como me referi a este caso como tiroteio e ao criminoso como atirador? Decidi-me por tais termos depois de ver que eram os utilizados em todas as notícias e apercebi-me que a nomenclatura era definida através de uma famosa equação matemática:
If (atirador.cor == castanho || atirador.religião == Islamismo) then atirador = terrorista.
If (atirador.cor == branco && atirador.religião != Islamismo) then atirador = atirador.
Para quem não percebe de linguagens de programação, isto quer dizer que se o criminoso for branco é um atirador, mas se for castanho é um terrorista. Acontece o mesmo caso a religião associada ao ataque seja o Islão, caso contrário é apenas um tiroteio normal. Em alguns casos, na segunda equação, o atirador tem apenas problemas do foro psicológico, como se um gajo que se rebenta porque acha que vai ter com 72 virgens não fosse, também ele, demente.
Trump apressou-se a declarar que o problema não é do fácil acesso às armas no país. Claro que não. O problema é sempre não haver armas suficientes. Imaginem que todos os dias pessoas eram mortas por caniches: será que a solução passaria por dar mais caniches às pessoas? A única coisa que pode parar um caniche mau é um caniche bom e bem treinado? Parece-me uma má solução. Devem proibir-se os caniches em todas as situações? Também não me parece justo já que o dono faz o caniche. Deve é haver um controlo apertado e um investimento na educação para que quem adquira um caniche esteja na posse das suas capacidades todas e saiba como o ensinar. Pensem que é preciso fazer exame e tirar uma licença para conduzir um carro, mas para comprar uma arma basta ir ao supermercado e num terço dos casos, sem haver qualquer “background check”.
Trump afirmou que se houvesse seguranças armados na sinagoga o massacre não teria acontecido. Então, mas a sinagoga não estava protegida por Deus? Ainda por cima, o Deus do Antigo Testamento que era o mais gangsta de todos e que matava indiscriminadamente por dá cá aquela palha. Sinto que Trump está a ser faccioso em relação ao judaísmo por achar que o Deus dele não é capaz de proteger os seus fiéis. Ainda por cima, fiéis que não comem bacon nem entremeada e que faz esses sacrifícios merece uma atenção especial. No entanto, claro que era giro ver um rabino – ou lá como é que se chama o chefe dos judeus – a sacar de uma metralhadora e a disparar até lhe abanarem as trancinhas caso fosse dos ortodoxos que são os mais malucos de todos. Em qualquer religião, quanto mais radical, mais maluco.
Trump disse, também, que urge uma implementação mais abrangente da pena de morte e uma maior rapidez na sua execução a fim de reduzir este tipo de atentados terrorista… perdão, destes homicídios em massa. Claro que o Trump não leu todos os estudos que concluem que a pena de morte não tem qualquer influência na redução da criminalidade violenta. Aliás, os massacres mais prolíficos são aqueles em que o criminoso se suicida no fim, associados ao Islão ou nas escolas. É paradoxal que muitos destes crimes ocorram ou em escolas ou em templos de adoração a um ser imaginário, lugares que estão nos antípodas um do outro. Seja como for, por norma, o objectivo dos malucos é sempre o de morrer no fim, por isso, parece-me que a pena de morte não terá grande influência a não ser que estejam a investir em tecnologia que permite ressuscitar o atirador para depois o voltar a matar. Se for assim, talvez concorde. A morte é um castigo muito brando até porque todos vamos morrer. Gostava que os criminosos tivessem um castigo diferente do meu e não só uma espécie de spoiler com cunhas.
Sugestões e dicas de vida completamente imparciais:
Para rir: Roda Bota Fora, stand-up comedy
Para ver: Making a Murderer, Season 2
Para ler: A Desilusão de Deus, Richard Dawkins
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