
"No princípio da noite, através da nossa contrainteligência, apercebemo-nos da presença nos confins da aldeia de homens armados estranhos. Afinal eram terroristas, tivemos que disparar contra eles, responderam, mas fugiram sem causar danos", contou hoje à Lusa uma fonte da força local.
A tentativa de ataque a localidade de Miangalewa aconteceu por volta das 18:00 (17:00 em Lisboa), mas foi contida pela posição das forças governamentais que se encontram na região, tendo, no entanto, forçado a saída de algumas pessoas até à sede do distrito de Macomia, embora sem registo de óbitos ou feridos.
"Quando tentaram entrar, nós achámos por bem sair, enquanto aguardamos o relatório da situação", disse à Lusa um residente da localidade que se refugiu na sede de Macomia, com a mulher e três filhos.
Com o gradual regresso à normalidade em vários pontos da província, diversas pessoas estavam a voltar para a localidade de Miangalewa, mas agora nascem novamente as dúvidas.
"Nós regressámos a nossa localidade há menos dois meses e, agora, com essa tentativa de ataque, estamos desesperados. Pedimos às forças de defesa e segurança que continuem a proteger-nos como sempre fizeram", declarou uma outra fonte que continua na localidade.
A localidade de Miangalewa, em Muidumbe, faz o limite com a comunidade de Litamanda, em Macomia, através do rio Messalo, ao longo da estrada nacional número 380, uma das poucas asfaltadas, ligando aos distritos do mais ao norte, como é o caso de Mocímboa da Praia, Mueda, Nangade e Palma.
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos, ACLED.
RYCE/EYAC // JH
Lusa/Fim
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