"Não discuto estas coisas na praça pública (…). Não ouvirá da minha boca um contributo para esse debate. Porque não é aí que ele deve ser mantido", afirmou Centeno em resposta à deputada do CDS-PP Cecília Meireles, que o questionou sobre a eventual injeção de capital pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa na Caixa Económica Montepio Geral.
Sobre a operação que tem sido falada, o governante apenas considerou que dez meses não é demasiado tempo para debater uma eventual capitalização do Montepio e pediu "recato" nesta matéria.
"O Montepio é importante para o sistema financeiro português e para a sociedade portuguesa e deve ser tratado com o recato que todos os bancos são tratados, pela importância que merece a sua estabilização", considerou.
Desde o ano passado que tem sido falada a hipótese de a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), entidade tutelada pelo Governo, entrar no capital do banco Montepio Geral.
De momento, seguem estudos financeiros para a Santa Casa avaliar quanto poderá investir no Montepio e a participação com que ficará.
Em meados de janeiro, em audição no parlamento, o ministro do Trabalho e Solidariedade, Vieira da Silva, assumiu que concorda com a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no capital do Montepio, mas afirmou que uma decisão desse tipo só acontecerá se aquela concluir que serve os seus interesses, uma vez que tem "autonomia de gestão".
O governante recusou ainda que tenha sido pré-definido um valor de 200 milhões de euros para a SCML investir na Caixa Económica Montepio Geral, em troca de 10% do capital desta.
Também o provedor da Santa Casa, Edmundo Martinho, foi já ouvido no parlamento sobre o mesmo tema.
Edmundo Martinho afirmou que "ainda nada está decidido" e que decorrem estudos de avaliação do banco.
O provedor disse ainda que a SCML tem um histórico de intervenção no setor financeiro, caso de detenções de capital no BCP no passado, e que a eventual entrada no banco Montepio não seria uma situação nova.
O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, também será ouvido no parlamento sobre o mesmo tema.
A Caixa Económica Montepio Geral é detida na totalidade pela Associação Mutualista Montepio Geral.
O banco mutualista está num período de mudança dos estatutos e mesmo da sua equipa de gestão, tendo a Associação Mutualista anunciado a entrada de Nuno Mota Pinto para presidente do banco, lugar ainda ocupado por Félix Morgado.
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