“O CDS propõe neste Orçamento do Estado uma via verde para a saúde assente em dois pilares. O primeiro é que sempre que seja ultrapassado o tempo máximo previsto [de espera no Serviço Nacional de Saúde] para uma consulta de especialidade, para um exame ou para uma cirurgia, o doente tenha o direito de optar por uma assistência médica no setor social e particular que seja paga pelo Estado”, anunciou o líder.
No “quadro excecional” da covid-19, o CDS propõe igualmente a criação de “um corredor de emergência para recuperar as consultas nos centros de saúde, mas também todas as consultas de especialidade, exames e cirurgias que se atrasaram por causa da covid”.
“Este corredor de emergência será contratualizado naturalmente com o setor social e particular por períodos renováveis de seis meses”, especificou o presidente do CDS, em conferência de imprensa que decorreu na sede nacional do partido, em Lisboa.
Questionado sobre os custos destas medidas, o democrata-cristão observou que o Governo socialista "neste momento já coloca a hipótese de contratualizar com estes dois setores", e defendeu que "essas contas surgirão na negociação e nesse quadro de conversas que o Governo tem de manter com o setor social e particular, que já se mostraram disponíveis para complementar e ajudar o SNS".
"Portanto, tudo dependerá da geometria de diálogo e de negociação deste Governo, sendo certo que há uma coisa que tenho absolutamente a certeza, nenhum cêntimo será demais quando podemos salvar vidas", prosseguiu.
Na ótica de Francisco Rodrigues dos Santos, “está visto que o SNS sozinho não consegue ajudar todos os portugueses que precisam, e o CDS não aceita que o Governo continue a colocar ideologia à frente da vida das pessoas quando o setor social ou particular podem ser utilizados para ajudar os doentes”.
"Há muitos meses que CDS vem chamando a atenção para gravíssimo problema que o SNS atravessa, sem meios para dar assistência médica aos doentes covid e também aos doentes não covid", destacou, falando em dados "verdadeiramente alarmantes" ao nível das consultas presenciais, exames e cirurgias que ficaram por realizar e também do número de mortes, que "disparou em Portugal comparativamente com os anos anteriores".
Para o líder centrista, "o Governo falhou até agora" na gestão da pandemia de covid-19, nomeadamente ao não antever "o esgotamento da capacidade de resposta do SNS", pelo que considera "urgente uma mudança imediata de estratégia" e "salvar vidas dos doentes para que nenhum português fique para trás".
Assinalando ser "injusto" que "quem não tem dinheiro" para recorrer a cuidados de saúde privados "fica abandonado à sua sorte e coloca a sua vida em risco", Rodrigues dos Santos sublinhou que "o CDS não abandona os milhões de portugueses que esperam e desesperam por uma consulta, por um exame e por uma cirurgia" e por isso propõe a contratualização com o setor social e particular.
O CDS quer "um Estado justo, um Estado de parceria e que não deixe ninguém ficar para trás nesta altura", frisou.
Portugal contabiliza pelo menos 2.635 mortos associados à covid-19 em 149.443 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Durante a conferência de imprensa, o líder do CDS foi questionado também sobre o entendimento com PSD e PPM de governação de centro-direita na Região Autónoma dos Açores, mas disse apenas que "é prematuro falar agora" pois "a situação ainda não está em termos definitivos colocada em cima da mesa", e não tinha "nenhum dado a acrescentar" ao que foi dito na segunda-feira.
Perante a insistência dos jornalistas sobre se os centristas estão disponíveis para uma coligação com o Chega naquela região, o presidente dos centristas contornou a questão afirmando que se trata de "uma aliança democrática entre o PSD, o CDS e o PPM".
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