“Não deixa de ser relevante notar como os dados da execução orçamental mostram uma redução do défice grande e por isso como é possível uma política que recupera rendimentos, em vez de cortes, como prova que o diabo afinal não chegou em setembro”, disse a dirigente bloquista no Funchal na cerimónia de abertura do Espaço Paulo Martins, o fundador madeirense da UDP e do BE.
Catarina Martins considerou que “o diabo é sempre e só a austeridade”, declarando que esta luta “pode trazer frutos”.
A expressão “o diabo” tem estado no discurso político depois de, no final de julho, numa reunião da bancada do PSD à porta fechada, o líder do PSD, Passos Coelho, citado pelo jornal Público, ter dito aos sociais-democratas: “Gozem bem as férias que em setembro vem aí o diabo”.
O défice das Administrações Públicas atingiu 3.990 milhões de euros até agosto deste ano em contas públicas, menos 81 milhões de euros do que o registado no mesmo período de 2015, divulgou hoje o Ministério das Finanças, que revelou também que o défice das Administrações Públicas atingiu 3.990 milhões de euros até agosto deste ano em contas públicas, menos 81 milhões de euros do que o registado no mesmo período de 2015
Para a líder do BE, estes dados também demonstram “como a direita falha em toda a linha as suas previsões, depois de ter falhado em toda a linha a sua política”.
Adiantou que são ainda reveladores de que “como continua ser um problema para Portugal o investimento, o peso da dívida pública”.
“Precisamos mesmo de ter outros meios para investir no país”, vincou, opinando que “não chega uma pequena recuperação ou controlar as contas públicas”, pois é necessário “criar emprego para que todas as pessoas possam ter uma vida digna no país”.
Catarina Martins sustentou ser preciso “contestar a estúpida austeridade”, argumentando que os portugueses “têm de ser capazes de uma reestruturação da dívida pública que cria emprego, que permita o investimento público no país e com isso faça futuro”.
A coordenadora do BE tomou esta posição recorrendo à postura e a um artigo publicado por Paulo Martins sobre a política financeira europeia em 2013.
Paulo Martins faleceu com 61 anos, em outubro de 2014, vítima de doença prolongada, no hospital dos Marmeleiros, na freguesia do Monte.
Foi eleito em 1976, nas primeiras eleições legislativas na Madeira deputado da UDP, sendo o mais jovem parlamentar na altura, e desempenhou estas funções até 2002 e, em 2008, retirou-se de todas as atividades político-partidárias.
Foi condecorado pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, Comendador da Ordem da Liberdade, tendo sempre assumido uma luta contra o jardinismo e pela autonomia.
O espaço hoje inaugurado é destinado à realização de atividades, conferências, debates ou outros eventos que promovam o exercício da cidadania ativa e da cultura, tendo comparecido a este ato figuras das mais diversas áreas políticas.
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