Avança o Jornal de Negócios que Pedro Nuno Santos vai reunir-se esta sexta-feira com os representantes do Estado na administração da TAP.
Este encontro tem lugar depois do governo ter solicitado ontem uma reunião com caráter de urgência “para esclarecimento de todo o processo” de atribuição de prémios a um grupo restrito de trabalhadores da TAP pela sua Comissão Executiva.
Na terça-feira, 04 de junho, a agência Lusa noticiou que a TAP pagou prémios de 1,171 milhões de euros a 180 pessoas, incluindo dois de 110 mil euros atribuídos a dois quadros superiores. Segundo um documento a que a Lusa teve acesso, em causa estão prémios que foram pagos com o salário de maio destes colaboradores e que oscilam entre os 110 mil e pouco mais de mil euros, depois de um ano em que a TAP registou um prejuízo de 118 milhões de euros.
Já esta quinta-feira, em comunicado enviado às redações, o Ministério das Infraestruturas e da Habitação deixou claro que o governo não concorda com a política de atribuição de prémios da TAP e com a forma como tomou conhecimento do mesmo.
O Ministério “discorda da política de atribuição de prémios, num ano de prejuízos, a um grupo restrito de trabalhadores e sem ter sido dado conhecimento prévio ao Conselho de Administração da TAP”, diz a nota.
A tutela não se revê “na conduta da Comissão Executiva que agiu em desrespeito dos deveres de colaboração institucional que lhe são conferidos”, numa posição que “constitui uma quebra da relação de confiança entre a Comissão Executiva e o maior acionista da TAP, o Estado português”.
Segundo o comunicado, “o governo e os representantes do Estado no Conselho de Administração da TAP tomaram conhecimento desta decisão, já consumada com o processamento dos salários referentes ao mês de Maio, pelos órgãos de comunicação social”.
Também ontem, durante o debate quinzenal, o primeiro-ministro, António Costa, defendeu que o Estado considera o modelo de distribuição de prémios decidido pela comissão executiva da TAP “incompatível com os padrões de sobriedade” que devem existir em empresas participadas pelo Estado.
A Comissão Executiva da TAP justifica a atribuição de prémios com o “programa de mérito” implementado pela companhia, que diz ter sido “foi fundamental” para os resultados atingidos em 2018.
“A Comissão Executiva da TAP tem absoluta convicção de que o programa de mérito foi fundamental para promover as medidas de redução de custos e de aumento de receitas implementadas em 2018, bem como levar a cabo a reestruturação da TAP ME Brasil, o que permitiu diminuir substancialmente os prejuízos causados pelo aumento do preço do petróleo e dos custos não recorrentes, como já foi amplamente comunicado e divulgado por ocasião da divulgação dos resultados”, refere a administração numa carta a que a agência Lusa teve acesso.
Por sua vez, o presidente da Comissão Executiva da TAP, Antonoaldo Neves, esclareceu que o programa de prémios na empresa tem prevista a atribuição de prémios individuais e estes "poderiam até ter sido maiores se a empresa tivesse gerado lucro" em 2018.
*Com Lusa
(Notícia atualizada às 08:57)
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