“Em janeiro, projetávamos um crescimento mundial de 5,5% em 2021. Agora esperamos uma nova aceleração” da expansão, afirmou Kristalina Georgieva, num discurso proferido antes das reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial.
A diretora-geral do FMI não indicou números precisos, uma vez que o relatório da instituição com as novas perspetivas para a economia mundial só será publicado no dia 06 de abril.
Mas avançou que a revisão em alta do crescimento se explica “em parte devido ao apoio político suplementar”, incluindo o pacote de relançamento económico no valor 1,9 biliões de dólares da administração norte-americana liderada por Joe Biden e “em parte” aos efeitos esperados ao longo do ano com as campanhas de vacinação contra a covid-19 em muitas economias desenvolvidas.
Esta melhoria é fruto de um “extraordinário esforço” de enfermeiros, médicos, trabalhadores de setores essenciais e de investigadores em todo o mundo, afirmou, enquanto os governos adotaram medidas orçamentais “excecionais” num montante acumulado de 16 biliões de dólares.
Sem esse apoio, a contração do Produto Interno Bruto (PIB) mundial registada em 2020 (-3,5%) teria sido “três vezes mais significativa”, sublinhou a dirigente do FMI.
O FMI constata também “uma recuperação a várias velocidades cada vez mais impulsionada por dois motores: os Estados Unidos e a China”, que fazem parte de “um pequeno grupo de países” que vão ultrapassar os níveis anteriores à crise até ao fim deste ano.
Para Kristalina Georgieva, “um dos maiores riscos continua a ser a incerteza extremamente elevada”.
“Tudo depende da trajetória da pandemia”, explicou, numa altura em que os avanços em matéria de vacinação são desiguais e novas variantes do vírus travam as perspetivas de crescimento, “em particular na Europa e na América Latina”.
Além disso, pode haver “mais pressão” nos mercados emergentes “vulneráveis” com capacidades orçamentais limitadas.
“Muitos estão fortemente expostos a setores fortemente atingidos, como o turismo”, apontou.
Esses países também são aqueles com acesso restrito a vacinas, ao mesmo tempo que estão expostos a um risco “elevado” de sobreendividamento.
Georgieva mostrou-se preocupada com as repercussões que uma recuperação acelerada pode vir a ter nesses países.
“Um crescimento sustentado dos Estados Unidos pode beneficiar muitos países, graças a um aumento das trocas comerciais”, afirmou, mas com uma recuperação económica sem sincronia a nível mundial, se os países avançados aumentarem fortemente as taxas de juro, isso vai aumentar os custos de financiamento da dívida de um certo número de países emergentes que já têm dificuldades na recuperação.
Nestas circunstâncias, a líder do FMI recomendou aos países que se concentrem na saída da crise, acelerando a produção e distribuição de vacinas e defende também a continuação da ajuda aos mais vulneráveis.
Georgieva lembrou que o FMI concedeu mais de 107 mil milhões de dólares em novos financiamentos a 85 países e decidiu um alívio do serviço de dívida a 29 dos seus membros mais pobres.
Na África subsaariana, o financiamento do FMI no ano passado foi cerca de 13 vezes mais elevado do que a média anual da década anterior.
O FMI quer aumentar as suas reservas e capacidade de empréstimo em 650 mil milhões de dólares através de uma nova emissão de Direitos Especiais de Saque.
Comentários