A greve nacional de 24 horas, a primeira deste ano e a segunda do Governo de António Costa, foi anunciada no início de abril para reivindicar aumentos salariais, pagamento de horas extraordinárias e as 35 horas de trabalho semanais para todos os funcionários do Estado.
O regime das 35 horas foi reposto em julho de 2016, deixando de fora os funcionários com contrato individual de trabalho, sobretudo os que prestam serviço nos hospitais EPE.
“As expectativas são elevadas porque os trabalhadores não se sentem bem. Creio que vai ser uma grande greve, um ponto alto de luta alto. O Governo vai reparar nisso e vai ter que negociar com os sindicatos outras condições que não estas que temos atualmente”, disse a dirigente Ana Avoila, em declarações à agência Lusa.
A paralisação abrange toda a administração direta do Estado (ministérios e serviços públicos).
“Alguns trabalhadores conseguiram regressar às 35 horas, depois de um processo de luta muito longo, conseguiram a reposição de cortes de salários, mas sem atualização ou mexida na carreira profissional, naturalmente que as pessoas estão descontentes ainda mais quando hoje já se fala que o Governo só pretende fazer aumentos de salários a partir de 2021 e que o descongelamento das carreiras, em principio, será só a partir de 2018 e de uma forma faseada, deixando milhares de trabalhadores de fora”, acrescentou.
Segundo Ana Avoila, os trabalhadores não partirão apenas para a greve para protestar, mas sim para “alterar”, para que “o Governo rapidamente resolva estas questões”, porque à parte das 35 horas e dos aumentos salariais, “as condições de trabalho estão cada vez piores com trabalhadores a trabalhar 10 e 12 horas por dia, serviços sem quase ninguém e que se estão a degradar, por falta de pessoal e por falta de maios, etc.”.
A dirigente do FNSTFPS – afeta à CGTP, composta pelos sindicatos do Norte, Centro, Sul e consulares e que representa 320 mil funcionários — lembrou que os setores da saúde e da educação são os que por norma têm um maior nível de adesão, “mas efetivamente as pessoas sentem-se mal no local de trabalho, por isso será imprevisível”.
“Os sinais que vêm é que vai haver muitos serviços parados e, portanto, vamos esperar para ver”, disse.
A última greve geral convocada pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais com vista à reposição das 35 horas semanais realizou-se em janeiro do ano passado e teve, segundo a estrutura, uma adesão média entre 70% a 80%, incluindo os hospitais.
Em 18 de novembro do ano passado, os funcionários públicos manifestaram-se junto à Assembleia da República, em Lisboa, para reivindicar alterações na proposta de Orçamento do Estado para aumentar os salários do setor e descongelar as carreiras.
A manifestação foi promovida pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, tendo sido acompanhada por pré-avisos de greve de diversos sindicatos para salvaguardar o direito dos trabalhadores a participarem no protesto.
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