Contactado telefonicamente pela agência Lusa desde Lisboa, Augusto Santos Silva disse, a partir de Moscovo, que a subida das exportações se deve a um “reajustamento” das mercadorias exportadas, uma vez que as sanções não são aplicadas a todos os setores económicos.
Santos Silva, que hoje se reuniu em Moscovo com o homólogo russo, Serguei Lavrov, frisou, porém, que a balança comercial entre os dois países é “muito desfavorável a Portugal”.
Segundo o ministro português, em 2017, Portugal exportou mercadorias no valor de 180 milhões de euros (“se se contabilizar os serviços rondará os 300 milhões de euros”), enquanto as importações, maioritariamente petróleo, se situaram nos 1.500 milhões de euros.
O valor das exportações de serviços, acrescentou, ainda está por apurar – “deverá estar contabilizada nos próximos dias” -, sabendo-se de antemão que, em 2016, esse montante rondou os 107 milhões de euros.
Questionado pela Lusa sobre se está aberto o caminho para um maior equilíbrio na balança comercial, Santos Silva lembrou que tudo dependerá, por um lado, do fim da aplicação das sanções europeias e, por outro, na diversificação das exportações para a Rússia.
“A razão principal da quebra das exportações que se verificou em 2015 e 2016 foi a aplicação das sanções da UE à Rússia e as contra sanções, as represálias, aprovadas pelos russos. Essas represálias atingiram diretamente um dos principais setores exportadores portugueses, que é a área agroalimentar”, afirmou.
Santos Silva deu como exemplo o caso da pera rocha portuguesa que, no último ano antes das sanções, em 2013, atingiu cerca de 260 milhões de euros.
“A Rússia era um dos principais mercados de exportação da pera rocha e esse mercado fechou-se por causa das sanções”, realçou.
“Mas a boa notícia é que no ano passado recuperamos bastante. As sanções não são aplicadas a todas as áreas económicas, houve um reajustamento das exportações portugueses e elas já cresceram 23%”, insistiu.
“É nestes termos que temos de trabalhar, porque a política de sanções da UE pode ser invertida a qualquer momento – as sanções são medidas temporárias, não são nenhuma fatalidade -, mas isso depende de se verificarem progressos na implementação dos Acordos de Minsk, no processo relativo à Ucrânia. Temos de ir trabalhando no incremento das relações económicas, sabendo que há este quadro político”, explicou.
No encontro com Lavrov, Santos Silva disse ter sido feito um ponto de situação nas relações económicas bilaterais, nomeadamente nos acordos já finalizados - cooperação técnica e económica – e nos que estão em curso - segurança social, tarifas aduaneiras, ensino, educação e cultura.
Na área da educação, especificou, há a registar a expansão do ensino da língua portuguesa na Rússia e, na área cultural, há um interesse “cada vez maior” na cultura portuguesa, sendo disso prova a exposição organizada fora dos canais oficiais pelo
“Este encontro é o desenvolvimento normal de relações políticas bilaterais que são boas”, concluiu Santos Silva, que destacou o facto de a reunião ser a terceira desde 2016 (as duas primeiras realizaram-se nesse ano) e de estarem na fase de implementação grande parte das decisões tomadas no quadro das frequentes reuniões da Comissão Mista de Cooperação Luso-Russa.
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