Trichet, que participava no encontro “O que aprendemos dez anos depois da queda do Lehman Brothers”, organizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) na sede da organização, em Paris, sublinhou que “a alavancagem financeira (técnica utilizada para multiplicar a rentabilidade através de endividamento) continuou com o mesmo ritmo” e que isso significa que há um grande risco em diferentes setores do sistema financeiro.
O ex-presidente do BCE também recordou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) calculou que o mundo está agora, em termos relativos, 12% mais endividado do que quando o banco norte-americano Lehman Brothers caiu em 15 de setembro de 2008, que marcou o início da última crise financeira.
Segundo o FMI, em 2016 atingiu-se um novo máximo histórico da dívida mundial, de 164 biliões de dólares, equivalente a 225% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e desde 2007 só a China é responsável por 43% do acréscimo.
O francês que foi o máximo responsável do BCE entre 2003 e 2011 sublinhou também outros fatores que estiveram na origem da última crise e que ainda não foram corrigidos, como a persistência de desequilíbrios macroeconómicos.
Trichet também alertou para o “ressurgimento do nacionalismo, do protecionismo, da xenofobia em todas as economias avançadas”, considerando que este é consequência da desconfiança gerada pela crise.
O ex-presidente do BCE afirmou que a lição da crise se traduziu em certas melhorias, considerando que “se fez um bom trabalho” na supervisão da banca e que houve uma convergência entre os bancos centrais das economias avançadas.
Para o ilustrar, Trichet contou que agora o BCE, a Reserva Federal norte-americana e os bancos centrais do Japão e de Inglaterra têm a mesma definição da estabilidade de preços.
Além do secretário-geral da OCDE, o mexicano Angel Gurria, no encontro da OCDE sobre o fim do Lehman Brothers participam entre outros, o economista chefe do FMI, Maurice Obstfeld ou o ex-ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis.
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