Segundo a UC, em nota enviada à agência Lusa, o estudo “reuniu e analisou vários contributos científicos sobre a paragem abrupta da indústria turística por conta da pandemia de covid-19, e o potencial desta interrupção para repensar as estratégias do turismo”.
Por outro lado, o artigo científico, intitulado “Tourism Sustainability and COVID-19 Pandemic: Is There a Positive Side?”, identificou “um conjunto de boas práticas que podem contribuir para a sustentabilidade financeira, social e ambiental do turismo”.
Citada na nota sobre a relevância de trazer à discussão a temática do turismo no pós-pandemia de covid-19, Cláudia Seabra, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) e investigadora do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) e coordenadora do estudo, frisou que “o crescimento exponencial da procura não está a ser acompanhado pela recuperação cabal da oferta, criando problemas de gestão, excesso de carga, falta de mão de obra, congestionamento nos aeroportos, entre outros”.
O comunicado sublinhou que se mantém “o pré-existente excesso de turismo, a pegada ambiental da aviação ou a relação desequilibrada entre turistas e residentes”.
Cláudia Seabra considerou necessário “lidar com desafios de saúde e ambientais, e criar um mundo neutro em termos de alterações climáticas na era pós-pandemia, que são também grandes desafios para potenciar a indústria do turismo”.
Já as “principais” boas práticas identificadas no trabalho científico incluem “a auscultação das novas preocupações dos clientes” e “o fornecimento de serviços de viagem personalizados”, bem como “o estímulo à inovação e criatividade nos serviços turísticos”.
O estudo defendeu ainda “a promoção e manutenção de bolhas de viagens”, traduzidas pela “existência de corredores de circulação que permitam a cooperação entre regiões e países”.
Outras “práticas muito necessárias” passam, entre outras e de acordo com a investigadora da FLUC/CEGOT, por manter a redução da pegada ambiental do turismo, estimular a descoberta de destinos de viagem alternativos e o turismo doméstico, dar maior ênfase às questões de segurança e higiene ou “participar em práticas mais equilibradas de gestão das relações sociais entre turistas e comunidades recetoras”.
Outra medida defendida por Cláudia Seabra passa por “interromper o cenário pré-pandemia de ‘overtourism’ [excesso de turismo]”.
Para “ajudar o turismo no pós-pandemia”, a docente da FLUC apontou estratégias, onde se incluem o uso de modos de transporte alternativos, reduzindo a dependência da aviação e cumprindo padrões de segurança e qualidade, a conservação e uso racional de recursos e a indução de comportamentos responsáveis entre turistas e comunidades e também o aproveitamento de infraestruturas disponíveis em vez de construção adicional.
Já sobre os “desafios da aplicabilidade das boas práticas” enunciadas no estudo, a investigadora da Universidade de Coimbra argumentou que, no momento atual, as empresas e gestores da área do turismo “precisam rapidamente de recuperar o lucro”.
“Contudo, os turistas são agora mais exigentes e querem qualidade e segurança. Por outro lado, os residentes nos destinos turísticos também se tornaram mais críticos e exigem o respeito pelo seu espaço e o seu papel na atividade turística”, observou.
Neste contexto, defendeu Cláudia Seabra, “as empresas e gestores de destinos necessitam de empreender um planeamento a longo prazo que não se reduza à recuperação do lucro, mas que passe por táticas de operação sustentável”.
Os resultados do estudo agora divulgado pretendem “contribuir para que o turismo no pós-pandemia não seja apenas um alívio temporário das práticas insustentáveis pré-existentes”.
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