Numa carta de resposta a perguntas da Lusa, assinada pela diretora de recursos humanos Sylwia Woloch, a empresa assinala que “todos os salários de março foram pagos completamente e corretamente”.
Em 11 de março a Lusa noticiou que, de acordo com trocas de informação entre trabalhadores e a empresa consultadas pela Lusa, um interlocutor do lado da empresa referiu que as tripulações não têm direito a “nenhum pagamento residual por março de 2020″, associado às rubricas às quais estão habitualmente associados os salários, exceto pagamentos complementares.
No entanto, em outra troca de informação, o interlocutor da empresa afirmava, sem certeza, que o trabalhador em causa iria “receber o pagamento de março” durante o mês em que as tripulações regressassem às operações normais.
Segundo disseram vários trabalhadores da Crewlink à Lusa, o mês de março não foi pago pela empresa.
Adicionalmente, hoje, a empresa afirmou que “a alegação do SNPVAC [Sindicato Nacional do Pessoal de Voo e da Aviação Civil] acerca de falhas no pagamento à Segurança Social são falsos”, assegurando que “todos os pagamentos à Segurança Social estão atualizados” para o pessoal da Crewlink em Portugal.
O dirigente do SNPVAC Diogo Dias afirmou, em 15 de agosto, que vários tripulantes da Ryanair estão a apresentar queixas-crime contra a empresa por falhas nas declarações à Segurança Social.
“Vários tripulantes estão a apresentar queixa-crime contra a empresa, porque a empresa não está a declarar. Faltam meses por inteiro de descontos na Segurança Social”, disse o vogal do SNPVAC Diogo Dias à Lusa, referindo-se tanto à Ryanair como à Crewlink, a empresa subcontratada para a qual muitos tripulantes trabalham, e que tem como único cliente a companhia aérea irlandesa.
O dirigente sindical afirmou que “os tripulantes, quando consultam a sua carreira contributiva, veem que há meses que simplesmente não estão declarados”, algo que, segundo o sindicalista, a Segurança Social “também não sabe explicar”.
Entretanto, a Ryanair, através do seu diretor de recursos humanos, Darrell Hughes, disse à Lusa que a empresa já fez os descontos de trabalhadores que estavam em falta à Segurança Social, dizendo que se tratou de um erro administrativo da empresa.
No entanto, o SNPVAC alegou que, apesar das palavras do diretor da Ryanair, já havia problemas com descontos antes desse processo, e que permanecem por resolver.
Acerca das propostas de relocalização de tripulantes, a Crewlink afirmou hoje à Lusa que ofereceu “transferências para outras bases europeias para proteger os seus salários e continuação do emprego”, estando “a fazer o melhor para manter as pessoas empregadas em circunstâncias onde não há posições em Portugal”.
Mais de 30 trabalhadores da Crewlink, que tripulam os aviões da Ryanair, estão a ser convidados para os quadros da companhia com remunerações base abaixo do salário mínimo, tendo como alternativa a relocalização no estrangeiro já em setembro.
Em caso de recusa da proposta, os trabalhadores — baseados em Ponta Delgada, Lisboa e Porto – serão relocalizados para vários destinos da rede da Crewlink no Reino Unido e Irlanda a partir de 01 de setembro.
Segundo uma troca de documentação entre um trabalhador e a empresa a que a Lusa teve acesso, perante a recusa do trabalhador em assinar um contrato com a Ryanair que propunha uma remuneração base de 588 euros brutos, abaixo dos 635 euros consagrados na lei como salário mínimo nacional, a empresa sugeriu a relocalização para o Reino Unido (East Midlands ou Southend) em 01 de setembro.
A documentação consultada pela Lusa indica que estão a ser dados aos trabalhadores prazos de dois a três dias para responder qual a sua base de preferência, bem como a serem recusados pedidos para relocalização em Portugal ou adiamentos da proposta de emigração.
Na carta da Crewlink enviada hoje à Lusa, a empresa afirma ainda que está a operar em conformidade da lei portuguesa desde fevereiro de 2019, quando questionada acerca da não transição de trabalhadores da empresa de trabalho temporário para a Ryanair.
A Crewlink acusa ainda o SNPVAC de “continuar a ignorar a severidade da crise da covid-19 e atuar como se bastasse apenas desejar que ela fosse embora”.
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