Esta é uma das conclusões do inquérito realizado a 868 titulares e gestores de AL do país, promovido pelo DINÂMIA’CET - Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território, do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.
De acordo com os dados recolhidos, as regiões mais afetadas foram Lisboa e Porto, com quebras de faturação de 93% e 87%, respetivamente, seguindo-se o Algarve, com uma perda de 68%.
Fora dos grandes centros urbanos, 56% dos alojamentos registaram menos 75% de faturação, porém 13% diz ter conseguido manter os números do ano anterior ou até mesmo aumentá-los.
“As regiões fora dos grandes centros, apesar da perda, foram os mais resistentes graças ao crescimento de turismo e à mobilidade interna motivada pelos receios do contágio e pela procura de territórios com uma menor densidade populacional e mais ligados à natureza”, apontou, em comunicado, a coordenadora do estudo e professora do ISCTE, Sandra Pereira.
“Já o Porto e sobretudo Lisboa registaram maiores perdas de faturação na sequência da pandemia e da redução do turismo internacional”, acrescentou.
Outra questão abordada pelo inquérito prendeu-se com a dependência financeira dos titulares e gestores das unidades de AL, com 40% a indicar que o rendimento destes espaços representa mais de metade do rendimento do seu agregado e 38% a afirmar não ter outra profissão.
Quanto às perspetivas para os próximos meses, 46% dos inquiridos acredita que a situação voltará aos níveis pré-pandemia já no próximo ano, 28% pensam ser possível um regresso à normalidade a partir de 2022 e 12% manifestou-se mais pessimista e não acredita que a situação volte a ser como era.
Apesar das perspetivas, 74% dos proprietários tem a intenção de continuar com o AL de curta duração pelo menos até ao final de 2020.
A principal alternativa, sobretudo no Porto e em Lisboa, é o AL de média duração.
Já 17% pensa optar por um arrendamento de longa duração no mercado privado.
“A resistência ao arrendamento de longa duração tem múltiplas razões que se podem sobrepor: a quebra de rendimentos; a falta de confiança no Estado e na legislação de arrendamento; motivos relacionados com a vida pessoal (possibilidade de usufruto da habitação ou receio de perda de uma ocupação gratificante) ou as especificidades dos imóveis que não se adequam ao arrendamento de longa duração; perda da licença de AL ou mais valias de desafetação; manutenção dos imóveis ou motivações associadas ao compromisso temporal desta solução, que não permite uma eventual mudança de planos”, concluiu a coordenadora do estudo.
No que diz respeito ao perfil dos proprietários e gestores de AL, o estudo observou que 65% têm entre 40 e 60 anos.
Nota-se também um predomínio dos empresários em nome individual (69%) e dos titulares/gestores com apenas um AL (50%; 27% com dois a três).
O Algarve, por outro lado, apresenta a média de idade mais elevada, com 58 anos.
Para Sandra Marques Pereira, “a média de idades elevada pode levantar questões relativas à capacidade de reconversão profissional/ocupacional de algumas destas pessoas ou de reconversão das suas fontes de rendimento”.
Outro dado relevante – “importante, nomeadamente em matéria de políticas públicas para o setor” - é a “baixa proporção de jovens, os quais já não tiveram acesso à propriedade habitacional como as gerações anteriores, para quem este acesso terá sido, sobretudo em contexto de valorização imobiliária, um instrumento de superação das dificuldades e/ou de melhoria do rendimento”, referiu a coordenadora do estudo.
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