“Quando nós vemos um quarto [num hotel em Lisboa] a 100 euros, acho que nós estamos a vender o quarto barato, porque os materiais são melhores, porque o serviço é melhor, porque na verdade é tudo melhor [do que no estrangeiro]”, defendeu Alfredo Tavares, em entrevista à agência Lusa, a propósito da inauguração do quarto hotel do grupo TBH, Dos Reis, em Lisboa.
O mais recente hotel resultou de um investimento de 16 milhões de euros, para a reconversão de um edifício pombalino, na Avenida Almirante Reis, num hotel de quatro estrelas, com 54 quartos.
“Se for à ‘Booking’
, que é neste momento o barómetro de tudo, […] não haverá cidade […] com hotéis com melhores classificações que Lisboa. Ao mesmo tempo, não haverá cidade com hotéis com preço/qualidade mais baixo”, vincou o responsável que chegou ao grupo TBH há seis meses.
Assim, o responsável considerou que, os hotéis de gama média em Lisboa, onde se inserem os do TBH, não devem vender mais barato, pelo menos, que os outros, onde “o serviço não é melhor, a qualidade não é melhor, mas são muito mais caros”.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados em fevereiro, o rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) no país atingiu, em 2022, 56,2 euros, aumentando 72,5% face ao ano anterior, com crescimentos de 74,8% na hotelaria, 81,6% no alojamento local e 18,8% no turismo no espaço rural e de habitação.
Para Alfredo Tavares esta subida deve-se não só à inflação, mas também ao aumento da procura.
“O que é os hoteleiros perceberam? Que podem vender mais caro do que aquilo que vendiam e que, se não baixarem o preço, vão acabar por vender na mesma”, apontou. “Afinal, podemos vender a preços que nós merecemos vender, porque as pessoas compram na mesma”, frisou.
"Não basta subir preços, temos que subir salários"
De acordo com o responsável, o grupo sentiu também os efeitos da falta de mão-de-obra no setor, sobretudo devido à saída de profissionais para outras áreas durante a pandemia.
“Também temos [os hoteleiros] de subir salários - e bem - não basta subir preços, temos que subir salários. Nós [TBH] não podemos poupar em salários, nem queremos poupar em salários”, afirmou.
Neste sentido, para fazer face ao aumento dos custos da operação, o grupo tem como estratégia “poupar” no custo da reserva, recorrendo a cada vez menos intermediários.
“Os hotéis devem pensar em não depender tanto do ‘online’, tentar reduzir ao máximo aquilo que são os intermediários dos hotéis que nós temos para vender. […] Acho que às vezes não há estratégia - agora começa a haver mais um bocadinho – mas, havendo estratégia, é isso que faz subir o preço”, apontou.
O grupo, que abriu o primeiro hotel em Lisboa há 10 anos e, desde então, tem inaugurado um estabelecimento novo a cada dois anos e meio, tem atualmente como principal mercado os Estados Unidos da América (EUA), que têm vindo a aumentar a representatividade nos turistas que visitam Portugal, sobretudo em Lisboa.
“Sentimos que os não europeus estão a vir mais e o nosso maior mercado neste momento é o norte-americano, não há dúvida. São os que pagam mais e são os que reservam mais antecipadamente”, apontou o diretor-geral.
Questionado sobre a questão do alojamento local, na âmbito das medidas restritivas que estão a ser preconizadas pelo Governo, Alfredo Tavares considerou que, embora “bom para o negócio”, deve obedecer às mesmas regras que os hotéis, o que não acontece.
“Para abrir um hotel, há uma série de regras - e bem, não é nada contra - desde associação de bombeiros, segurança, uma série de coisas que é obrigatório, sistemas de alarme, sistemas de incêndio, enfim, ninguém abre um hotel sem isso ser testado. No alojamento local isso não acontece, portanto as regras não são as mesmas, mas os clientes são os mesmos”, apontou.
O hotel Dos Reis foi inaugurado no dia 07 de março, numa cerimónia que contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e, segundo o diretor-geral, está já com uma taxa de ocupação que ronda os 80%.
O grupo TBH conta com quatro hotéis boutique em Lisboa, dois na Avenida Almirante Reis, um na Praça da Figueira e um na Rua da Madalena, fruto de um investimento de cerca de 50 milhões de euros na última década, estando atualmente a ponderar alargar a atividade a outras cidades, como, por exemplo, o Porto.
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