Em declarações aos jornalistas, o relator dos processos disciplinares impostos aos anteriores membros do Conselho Diretivo, liderado por Bruno de Carvalho, reiterou que “o Sporting não está falido” ou “insolvente”, mas salientou que o “milagre financeiro” anunciado no clube não passava de “um mito” e que “a situação financeira exige algum esforço”.
“Está a decorrer uma auditoria e ela é que vai dar com exatidão o que se passa. Com base nos relatórios publicados, o grupo Sporting terá um défice de tesouraria até ao fim do ano de 122 ME. [O futuro presidente] tem de ser alguém com capacidade para negociar com a banca ou outro parceiro”, referiu, antevendo um “exercício de gestão muito rigoroso”.
Estes 122 ME subdividem-se em 60 ME de défice do grupo Sporting, 32 de pagamentos aos bancos por venda de jogadores e outros 30 referentes ao empréstimo obrigacionista. O elemento da CF revelou ainda que “em termos de receitas futuras já foram adiantados 60 dos 68 ME” que havia a receber de direitos televisivos.
“Não há salvadores no Sporting. O clube tem de ter gestores para poder negociar com a banca. Pode-se ir buscar novos financiamentos, como no ‘naming’ do estádio. O desafio enorme que se põe aos candidatos é a conciliação da gestão financeira com o projeto desportivo. Não se pode entrar em aventuras”, disse, adiantando ainda que os atuais responsáveis – José Sousa Cintra e Artur Torres Pereira - já conseguiram uma diminuição de salários de cerca de 10 ME.
Já sobre os processos disciplinares e as consequentes suspensões aplicadas a Bruno de Carvalho e outros membros do CD que liderava, o relator dos processos defendeu o regresso da “normalidade na vida institucional e democraticidade interna” do Sporting e não deixou de vincar a “imparcialidade” do órgão a que pertence e que cessa funções nas eleições de sábado.
Bruno de Carvalho foi suspenso de sócio por um ano e, em virtude dos processos que ainda correm contra o ex-presidente, este pode mesmo vir a incorrer numa eventual expulsão. A CF já não deve tomar essa decisão, mas deve, segundo António Paulo Santos, deixar um relatório de apreciação dos factos.
“Se for demonstrada a gravidade dos factos e a violação grosseira dos estatutos pode levar, efetivamente, a uma expulsão de sócio com um prazo de oito anos”, disse António Paulo Santos, manifestando ainda dúvidas sobre o êxito da anunciada impugnação do ato eleitoral por parte de Bruno de Carvalho: “Tenho muitas dúvidas que tenha provimento um pedido de impugnação. A não ser por uma qualquer questão formal que desconheço”.
Por fim, António Paulo Santos pronunciou-se sobre o processo em torno da Academia do clube, em Alcochete, para garantir que a imputação do crime de terrorismo aos acusados vem reforçar a posição do Sporting no dossiê das rescisões unilaterais de contrato dos jogadores que deixaram a equipa de futebol durante este verão.
“A decisão do Tribunal da Relação veio dizer que o crime é de terrorismo. Isto joga a favor do Sporting, porque não é um ato previsível, é um ato fortuito e vem acrescer à falta de fundamentação para a rescisão. Acredito que o Sporting vai vencer esses processos. Os jogadores não tinham justa causa”, notou, sem deixar de admitir um prazo de um ou dois anos para a conclusão desses litígios.
Os órgãos sociais do Sporting vão ser eleitos no sábado, num ato ao qual concorrem seis candidatos, na sequência da destituição de Bruno de Carvalho, em Assembleia Geral, em 23 de junho.
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