João Sousa poderá atingir os quartos-de-final na edição 2017 do Roland-Garros. Quem antecipa é Mats Wilander, ex-número um mundial, três vezes vencedor do torneio parisiense e atual comentador do canal Eurosport, televisão que transmitirá a prova francesa de 22 de maio a 11 de junho.

Em declarações exclusivas para Portugal ao SAPO24, Wilander - confesso admirador das qualidades do tenista português - elogia a sua “atitude” nos courts. Embora “o jogo e o serviço não seja muito forte”, no geral, Sousa, nº41 do ranking mundial, “é muito sólido”. E é essa solidez e atitude, juntamente com a versatilidade em todo o tipo de pisos e consistência demonstrada em jogo, que o pode ajudar a atingir os “quartos ou mesmo uma meia-final de uma prova do Grand Slam”, antevê.

Na terra batida de Roland-Garros tudo dependerá de quem tiver pela frente. “Não conseguirá bater Nadal nem outros que batem mais forte”, alerta. Mas “adoraria” que “chegasse longe” rematou.

Recorde-se que o tenista de Guimarães pisou Roland-Garros pela primeira vez em 2012 e de lá para cá é presença anual. No historial da prova parisiense enfrentou Novac Djokovic e Andy Murray, em 2014 e 2015, eliminado, em ambos, na 2ª ronda. No ano passado, caiu, na 3ª ronda, aos pés do letão Ernests Gulbis.

Roland-Garros para além de uma prova apetecível para os tenistas é também um dos eventos mais mediáticos a nível mundial. A prova arranca sete dias depois de uma visita do Comité Olímpico Internacional a Paris e antes da apresentação formal da candidatura da cidade aos Jogos Olímpicos 2024, que será concretizada na sede do COI, em Lausane, na Suíça, 11 a 12 de julho.

Mats Wilander não deixa escapar a oportunidade para destacar a “ajuda grande” que a montra de Roland-Garros poderá dar aos intentos do estado francês. “Poucos atletas são tão reconhecidos a nível mundial como os tenistas. São heróis mundiais”, sublinha. E ter os Jogos Olímpicos em Roland Garros “seria brilhante”, concluiu.

Nadal é favorito. Federer e Serena de fora por opção, Sharapova não foi convidada

A 126ª edição de Roland-Garros arrancará com uma baixa de peso. Ou antes três. Roger Federer (5º do ranking ATP) anunciou que não estaria nos courts de terra batida de Paris para se preparar para Wimbledon.

A tenista russa Maria Sharapova, que não recebeu convite da organização para estar no torneio que já venceu por duas vezes, deixou um recado nas redes sociais que nada a impediria de lutar pelos seus sonhos. A propósito da recusa da organização em dar o “wild card” à tenista russa que está fora do top 200, Wilander afirmou, em conversa telefónica com jornalistas europeus, que a “decisão tem de ser apoiada embora não seja uma boa situação”. Sobre Federer adiantou que “não ter os melhores é sempre triste. Mas ele vai jogar mais anos e isso é a grande noticia”, comentou.

Em relação a favoritos, Rafael Nadal é um nome incontornável à cabeça. Nadal, o “rei da terra batida”, quinto melhor jogador da atualidade, leva nove triunfos na superfície de Roland-Garros e apresenta-se em Paris com o único tenista, na era Open, a vencer por 10 vezes dois torneios (Monte Carlo e Barcelona). “10 vitórias é um recorde que muito dificilmente será batido na era Open”, assegura o antigo tenista sueco.

Não imaginando um nome que “possa vencer o tenista espanhol”, embora imagine que “Nadal possa perder”, Wilander refere que “há jogadores que o podem bater”. Desde logo o sérvio Djocovic (2º ranking ATP) e o suíço Stan Wawrinka (3º), que considera um dos “favoritos” a elevar o troféu no court central. Sobre outros potenciais tenista para chegar à final ou vencer a competição parisiense indicou o francês Lucas Poulle (16º) ou o italiano Fabio Fognini (29º). Ou mesmo Andy Murray, que “não atravessa um bom momento de forma” apesar de liderar o ranking ATP.

No quadro feminino, sem Serena Willians, grávida, as previsões sobre vencedoras são uma tarefa difícil. “Simona Halep (romena, 4ª do ranking) é uma das favoritas, mas pode ser uma das jovens jogadoras, está em aberto e não há favoritas. Temos que nos sentar e aproveitar o torneio”, disse.

Em jeito de conclusão, Mats Wilander sublinhou que todos os tenistas “querem vencer um Grand Slam e este é um dos favoritos”.

Roland-Garros, competição que vai na 126ª edição “é um desafio mental e físico, ganhar depende do tempo, em que pode fazer chuva ou sol de um dia para o outro, e depende do oponente”, continuou. “Podemos durante o jogo mudar a tática. Necessitamos de armas mas a mais importante é a cabeça. E estar pronto a jogar”, finalizou.