De um lado a crise económica causada pela parada total dos jogos, levando a perda de patrocinadores, de receita televisiva e de Matchday. Os clubes, já endividados, estão com a corda no pescoço e rezam para voltar a ter jogos o quanto antes. Do outro, os jogadores, que já sofriam, algumas vezes, com atrasos de salário e tiveram, agora, cortes nos seus ordenados — e que estão preocupados com as condições que terão neste retorno, segundo indica uma sondagem feita pelo Sindicato dos Atletas de Futebol de São Paulo.
O trabalho ouviu 511 atletas das 3 principais divisões de futebol do estado, de 6 a 9 de maio, e perguntou se são favoráveis ou não à retoma das atividades do futebol, podendo apontar as razões de cada resposta.
Do total dos entrevistados, 64% disseram estar a favor da volta do futebol, enquanto 36% foram contrários. Mas entre os que votaram Sim, mais de metade diz que "preferiria não voltar, mas precisa financeiramente desse retorno". Apenas 9% afirmaram que "a Covid-19 não é tão preocupante como a sociedade e os media têm apresentado".
Dentre os contrários, mais de 75% indicaram não acreditar haver segurança suficiente para preservar a saúde dos atletas. E 24% apontam que se sentem desrespeitados ao serem forçados a voltar com salários em atraso.
A sondagem deixa clara a distinção da realidade entre os jogadores da elite, onde se concentra o maior número de jogadores contra o retorno, e os jogadores das outras divisões, que podem não ter escolha devido à necessidade financeira.
Mas o Brasil, tão distante das condições de organização dos países que já se começam a organizar para ver a bola rolar novamente, seja por diferenças geográficas (o Brasil é infinitamente mais difícil de administrar, em tamanho, do que a Coreia do Sul, por exemplo) ou por falhas no combate ao coronavírus, parece longe de dar segurança para que tenhamos futebol outra vez.
O que acontece se algum atleta testar positivo? Ou algum familiar deste atleta? A sua equipa perde pontos? Param os jogos novamente? Quais são as condições de segurança que os clubes menores vão ter para monitorar e preservar os seus jogadores? Se são questões já difíceis de responder na Premier League, imaginem para o campeonato Amazonense.
O Flamengo, durante a preparação para regressar aos treinos, testou 311 pessoas entre funcionários, atletas e familiares — para descobrir que 38 pessoas estavam infetadas, sendo 3 jogadores da equipa principal. E isso só mostra que a situação está longe de estar controlada.
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