“FC Barcelona, Juventus e Real Madrid, clubes centenários, não cederão a qualquer tipo de coerção ou pressão intolerável e continuarão a mostrar a sua firme vontade de debater, a partir do diálogo e do respeito, as soluções urgentes que o mundo do futebol hoje exige. Ou modernizamos o futebol ou testemunharemos a sua inevitável ruína”, dizem os clubes, em nota conjunta.
Terça-feira a UEFA anunciou que vai mesmo avançar com processos disciplinares depois de há duas semanas ter sido iniciada uma investigação conduzida por inspetores do seu comité de Ética e Disciplina, que acabou por concluir pela abertura do processo, por “potencial violação do quadro jurídico” do futebol europeu.
O trio resistente dos 12 que inicialmente anunciaram a competição, sendo que em horas os outros nove abandonaram o projeto, acusam a UEFA de “insistente coação contra três das maiores instituições da história do futebol”.
Na nota culpam o organismo que dirige o futebol europeu de “flagrante incumprimento” das decisões dos tribunais, “que já se pronunciaram claramente, advertindo para que se abstenha de realizar qualquer ação contra os clubes fundadores da Superliga enquanto o processo judicial estiver em curso”.
Nesse sentido, os dois clubes espanhóis e o italiano entendem que este procedimento disciplinar é “totalmente incompreensível e atenta diretamente contra o Estado de direito que democraticamente foi constituído pelos cidadãos da União Europeia”.
Este grupo insiste que a sua iniciativa, que não mereceu apoio de qualquer entidade e foi muito criticada pela generalidade dos adeptos da modalidade, pelos restantes clubes e poder político, teve o propósito de “melhorar a situação do futebol europeu”, aumentando o interesse pelo desporto e proporcionar “o melhor espetáculo possível”.
“Tudo isto, num quadro de sustentabilidade e solidariedade, sobretudo numa situação económica de máximo risco como a que vive grande parte dos clubes europeus”, conclui o trio, apesar do projeto não prever qualquer mecanismo de ajuda às equipas fora do grupo de elite que pretendiam criar.
Os outros nove clubes, nomeadamente os ingleses do Manchester City, Liverpool, Chelsea, Manchester United, Tottenham e Arsenal, os italianos do AC Milan e Inter de Milão e os espanhóis do Atlético de Madrid desistiram do projeto em poucas horas.
Uma medida que ainda assim não evitou que fossem ‘repreendidos’ pela UEFA, com os clubes a aceitarem uma série de “medidas de reintegração”, incluindo renunciar a 5% do rendimento proveniente de uma época nas competições europeias.
Paralelamente, os clubes desistentes vão doar, em conjunto, um total de 15 milhões de euros a “comunidades locais” do futebol europeu.
“Ao aceitar os seus compromissos e a sua vontade de reparar a perturbação que causaram, a UEFA quer deixar este capítulo para trás e avançar com um espírito positivo”, afirmou então o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, em comunicado.
Da mesma forma, o dirigente reconheceu que “o mesmo não pode ser dito dos (três) clubes [Real Madrid, FC Barcelona e Juventus] que continuam envolvidos na chamada Superliga”, casos que, vincou então, “a UEFA tratará em conformidade”.
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