O Campeonato do Mundo de futebol é um evento único para qualquer futebolista. Para estar num Mundial, é preciso que a realização do torneio, que acontece de quatro em quatro anos, aconteça num bom momento de forma do futebolista, que este não esteja a lidar com lesões e que esse mesmo atleta faça parte de um país minimamente competitivo para garantir a qualificação.

É precisamente por essa razão que, seguindo a ordem da lista acima, por exemplo, António Silva (Portugal) vai estar no Qatar e Paul Pogba (França), Erling Haaland e Mohammed Salah não; o primeiro por lesão e os outros dois jogadores porque nem a Noruega, nem o Egito, conseguiram um lugar na fase final do Mundial.

A história do futebol conta-nos precisamente que foram vários os grandes jogadores apanhados por estes 'turbilhões' de fatores. Por exemplo, Ryan Giggs, lenda do Manchester United, nunca conseguiu levar o País de Gales a um Mundial, feito que só foi cumprido pela geração de Gareth Bale este ano, 60 anos após a última presença do país na competição. George Weah, o único jogador africano a ter conquistado a Bola de Ouro, atualmente presidente da Libéria, viveu com esse objetivo em mente durante toda a carreira, mas nunca conseguiu garantir a qualificação da seleção, sendo que em 2002 esteve a apenas um ponto de o conseguir. Éric Cantona, referência do futebol francês, fez parte de uma geração da seleção francesa atípica — entre o terceiro lugar no Mundial do México de 1986 e o Mundial conquistado em 1998, somam-se duas ausências do Campeonato do Mundo que fizeram com que o avançado eterno do Manchester United nunca tivesse disputado o torneio.

Se ir a um Mundial é um feito — para muitos jogadores é o concretizar de um sonho de carreira —, disputar vários é motivo de honra. Nesse campo, ninguém ganha ao alemão Lothar Matthäus, o recordista a solo de jogos em Mundiais de futebol, com um total de 25, que cumpriu em cinco fases finais, um máximo que partilha com os mexicanos Antonio Carbajal e Rafael Márquez.

Matthäus, presente consecutivamente entre as edições de 1982 e 1998, soma mais um encontro do que o compatriota Miroslav Klose, que cumpriu 24 partidas, entre 2002 e 2014, sendo, além isso, o melhor marcador da história dos mundiais, com 16 golos. No último lugar do pódio, surge o defesa italiano Paolo Maldini, que disputou 23 embates, entre 1990 e 2002.

Nascido a 21 de março de 1961, Matthäus estreou-se em Mundiais com 21 anos, em 1982, disputando apenas dois jogos em Espanha, o primeiro com o Chile (4-1), em 20 de junho, em Gijón, onde entrou para o lugar de Paul Breitner, aos 61 minutos. Já com outro estatuto, as competições seguintes foram bem diferentes para o futebolista germânico, que esteve em todos os embates da ‘Mannschaft’ em 1986 (sete), 1990 (sete) e 1994 (cinco) e só falhou um dos cinco na sua despedida, em 1998, com 37 anos.

O ponto alto da carreira do jogador foi a conquista do Mundial de 1990, também porque, como capitão, teve a honra de ser o primeiro a levantar o troféu, após uma polémica final com a Argentina (1-0, a 8 de julho, em Roma). Nesse ano, ganhou a Bola de Ouro.

Nas outras participações, Matthäus, autor de 23 golos em 150 jogos pela seleção germânica (1980 a 2000), foi vice-campeão em 1982 e 1986, derrotado por Itália (1-3) e Argentina (2-3), respetivamente, e caiu duas vezes nos ‘quartos’ (1994 e 1998), primeiro com a Bulgária (1-2) e depois com a Croácia (0-3).

O jogador alemão começou a carreira no Borussia Mönchengladbach (1979/80), teve duas passagens pelo Bayern Munique (84/85 a 87/88 e 92/93 a 1999/2000), intermediadas pelo Inter de Milão (88/89 a 91/92), antes de terminar nos agora New York Red Bulls (1999/2000). Além do Mundial de 1990, destaque para a conquista do Europeu de 1980, de duas edições da Taça UEFA (1990/91 e 95/96) e de seis campeonatos alemães (84/85, 85/86, 86/87, 93/94, 96/97 e 98/99) e um italiano (88/89).

No entanto, os dias de Matthäus no trono podem estar a chegar ao fim. Lionel Messi, o jogador no ativo com mais jogos disputados em Mundiais, pode superar a marca do alemão. Para isso precisa de realizar sete jogos, o máximo possível na competição. Ou seja, a Argentina teria de chegar às meias-finais para que, na sequência dessa eliminatória, Messi pudesse disputar a final ou o jogo pelo último lugar do pódio. Já Cristiano Ronaldo, mesmo que tenha um percurso com o máximo de jogos, não poderá passar dos 24 encontros, o que o deixa na antecâmara do recorde do antigo campeão mundial alemão.

Caso dispute cinco jogos como capitão, Messi garante que ultrapassa o compatriota Diego Maradona como jogador com mais jogos a capitão em Mundiais.

Já em matéria de presenças em diferentes Campeonatos do Mundo, com pelo menos um encontro disputado em cada, Messi, o português Cristiano Ronaldo e o mexicano Andrés Guardado vão cumprir o quinto e igualar Matthäus, Carbajal e Márquez, ultrapassando assim 31 jogadores que somam quatro presenças, numa lista que inclui lendas como Pelé e Maradona.

créditos: ANTONIO COTRIM/LUSA

Ronaldo, o primeiro jogador a marcar em cinco Mundiais diferentes?

O melhor marcador da história em Campeonatos Europeus, com 14 golos, e o futebolista masculino com mais golos por seleções, 117, pode tornar-se no primeiro jogador de sempre a marcar em cinco edições diferentes do Campeonato do Mundo.

Com um golo em 2006, frente ao Irão, na Alemanha, outro diante da Coreia do Norte, em 2010, em África do Sul, mais um em 2014, no Brasil, frente ao Gana, e quatro em 2018, na Rússia, diante das seleções de Espanha e Marrocos, Ronaldo está numa curta lista, acompanhado pelo brasileiro Pelé, e os alemães Uwe Seeler e Miroslav Klose, todos com golos em quatro edições.

Agora, o capitão da seleção portuguesa está a um golo de distância de se isolar na lista. No entanto, a conquista do feito não é uma inevitabilidade absoluta; basta ter em conta que, por exemplo, no Mundial de 2010, Lionel Messi não marcou qualquer golo, mesmo tendo a Argentina atingindo os quartos-de-final.

Depois de apenas três golos em três edições, Ronaldo fez o seu melhor Mundial até ao momento na Rússia, onde assinou um hattrick no empate a três golos frente à Espanha e marcou o golo contra Marrocos que deu a passagem para os oitavos-de-final à seleção portuguesa. No total, em mundiais, em 17 jogos, soma com sete golos e quatro assistências.

Já em qualificações para o Mundial, Ronaldo está igualmente bem posicionado, com 36 golos, a apenas três do recordista, Carlos Ruiz, da Guatemala, que marcou 39 golos entre 2002 e 2016.

Pepe, (quase) o mais velho do Mundial

Quando se fala em Mundiais nos membros inferiores, há pernas e pernas. Nesta edição do Campeonato do Mundo, Pepe, com 39 anos, foi o jogador mais velho nas convocatórias, até sair a lista de eleitos do Canadá e do México. Na primeira, figura o nome de Atiba Hutchinson, médio com quem o luso-brasileiro partilhou o balneário em 2017/18 no Beşiktaş, na Turquia, também com 39 anos, mas mais velho 24 dias. Na segunda aparece Alfredo Talavera, guarda-redes mexicano de 40 anos.

Pepe vai chegar ao Mundial2022 de futebol como o terceiro jogador mais velho da competição. Em dúvida até ao último momento devido a problemas físicos, Pepe manteve o seu lugar nas escolhas do selecionador português Fernando Santos e chega ao Médio Oriente como um dos 'verdadeiros' veteranos da competição. Remko Pasveer, guarda-redes dos Países Baixos, Dani Alves, do Brasil, e Kawashima, guardião do Japão, são restantes jogadores que aparecem na lista de convocados já com os 39 anos celebrados.

Especial será de certeza o 18.º aniversário de Youssoufa Moukoko, avançado da Alemanha, que será celebrado precisamente no dia em que o Mundial2022 arranca no Qatar, em 20 de novembro, o que faz do jogador do Borussia Dortmund o mais novo a marcar presença nesta edição do campeonato do Mundo, 'ganhando' por pouco mais de dois meses a Garang Kuol, avançado da Austrália, que em janeiro será contratação do Newcastle, de Inglaterra.

O espanhol Gavi fecha o 'top 3' dos mais novos no Qatar, seguido de Bilal El Khannous, de Marrocos, quarto, e do ganês Fatawu, jogador do Sporting CP, quinto.

Uma coisa é certa, os recordes do egípcio Essam El-Hadary, como o mais velho, e do norte-irlandês Norman Whiteside, como o mais novo, vão aguentar-se de certeza por mais quatro anos. Com 45 anos e 161 dias, no Mundial2018, o guarda-redes El-Hadary fez história, assim como Whiteside, com 17 anos e 40 dias, mas há bem mais tempo, no Espanha1982.

O SAPO24 é a marca de informação do Portal SAPO, detido pela MEO, que neste Mundial se associou à Amnistia Internacional numa campanha pelos direitos humanos no Qatar.