Na sequência de um comunicado da hoje, que dá conta de queixas sobre “aproximadamente 100 indivíduos” a “causarem distúrbios” no centro histórico vimaranense, por volta das 22:30, o comissário da força de segurança confirmou a “movimentação em massa, rápida e muito bem organizada” dos autores, que começaram a ser monitorizados mal chegaram à cidade até serem identificados “nas imediações da Área Metropolitana do Porto”, para onde se dirigiam os cinco autocarros que os transportavam.
“Não foram identificados nem abordados na cidade por questões de segurança para a própria população. Foram abordados numa zona segura para os abordar, identificar e apreender o material que possuíam (…) Para nós, é mais fácil controlá-los fora de uma zona urbana, onde era menos provável que houvesse alteração de ordem pública”, referiu, em conferência de imprensa na esquadra da PSP de Guimarães.
Os distúrbios, que incluíram “arremesso de mobiliário de esplanadas e deflagração de artefactos pirotécnicos” num espaço público classificado como Património Mundial da UNESCO desde 2001, aconteceram na véspera do encontro de hoje para a Liga Conferência Europa de futebol, entre o Vitória de Guimarães e o Hajduk Split, da Croácia, tendo 122 das 154 pessoas identificadas essa nacionalidade.
"A ação [dos adeptos] em si era praticamente impossível de evitar”
Vítor Silva reconheceu que o “arrastão” se enquadra na “forma organizada e bem planeada” como grupos organizados de adeptos tentam “ocultar a sua organização”, evitando até deslocações internacionais para o aeroporto mais próximo do estádio do jogo, neste caso o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto.
“Os autocarros foram controlados à chegada à cidade e monitorizados. Só quando chegaram à cidade é que confirmámos a existência desse grupo, como há outros que estão a ser controlados (…). A ação em si era praticamente impossível de evitar”, frisou.
Questionado sobre os 23 portugueses no rol de identificados e a eventual pertença a um grupo de adeptos do Benfica que tem ligação privilegiada com um grupo de adeptos do Hajduk, o comissário referiu que esses cidadãos identificados têm “cultura de grupo organizado de adeptos”, embora sem confirmar essa ligação.
Quando começou a monitorizar os autores dos distúrbios na chegada a Guimarães, o contingente da PSP no terreno optou por “traçar as movimentações” desses adeptos ao invés de os confrontar diretamente, para mais tarde os identificar fora da zona urbana, e rejeitou quer falhas de comunicação com a polícia croata, quer “falta de efetivo” para um encontro no qual se espera 500 adeptos do Hajduk Split.
“A polícia tinha efetivo reforçado nessa noite, como temos em todos os eventos internacionais. (…) A polícia tem os meios adequados na cidade de Guimarães para responder de forma célere. Por iniciativa própria, já pedimos reforço ao Comando Metropolitano do Porto e à Unidade Especial de Polícia, através do Corpo de Intervenção”, adiantou.
O comissário vincou que o fenómeno visto na terça-feira já se repetiu por grupos de organizados de adeptos “noutras cidades europeias” e prometeu “uma PSP preparada” para um jogo ao qual os adeptos se “podem deslocar” sem “problema nenhum”.
Vítor Silva justificou ainda o facto de o Comando Distrital da PSP ter permanecido incontactável após os incidentes com “o excesso de chamadas telefónicas” e a demora em marcar presença na Praça da Oliveira – chegou hora e meia depois do sucedido – com a prioridade dada à identificação dos autores dos distúrbios.
“A primeira preocupação foi retirar os adeptos croatas do centro da cidade. Depois é que regressou ao Largo da Oliveira para falar com as pessoas e proprietários dos estabelecimentos. (…) Até ao momento, não temos ninguém que nos tenha apresentado ferimentos ou queixas”, esclareceu.
Após a derrota da primeira mão, por 3-1, na Croácia, o Vitória de Guimarães recebe hoje o Hajduk Split, para a segunda mão da terceira pré-eliminatória da Liga Conferência Europa, agendado para as 17:00, no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães.
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