Foi em conferência de imprensa, na Casa Rosada, sede do Executivo, que Macri respondeu sobre a possibilidade do governo continuar a financiar a transmissão dos jogos de futebol. A questão surge com a demora em ser apresentado um novo acordo entre empresas privadas e a Associação de Futebol Argentino (AFA).
"A pedido da AFA e dos clubes, o Estado não vai continuar a sua participação no programa Futebol para Todos (FPT). É um assunto que está discutido há seis meses e espero que tenham pensado como vão continuar com o formato a partir de fevereiro, porque vamos deixar de comparticipar", esclareceu o presidente.
O FPT foi um programa implementado pelo governo de Cristina Kirchner, entre 2007 e 2015, em que o Estado comprava os direitos de televisão dos jogos de futebol e transmitia gratuitamente a totalidade dos jogos.
Depois de sete anos de futebol gratuito na televisão estatal, o governo de Macri quer terminar com as atuais medidas e quer voltar ao esquema anterior, em que cada utilizador paga para ver o conteúdo que desejar.
A situação atual dos clubes argentinos é preocupante. Existem vários clubes com avultadas dívidas e que não pagam os salários dos seus jogadores há meses. De acordo com a imprensa desportiva local, não está descartada a hipótese, inclusive, do campeonato não se realizar.
Desde a morte de Julio Grondona, militar que liderou a AFA de 1979 a 2014, que a associação vive mergulhada numa grave crise, estando marcadas eleições para 28 de abril com o intuito de eleger um novo presidente.
"O futebol está viver uma crise terminal, talvez a pior do país. Os dirigentes, ao invés de encarar o problema, continuam a procurar um atalho, um remendo e não fazem as coisas com seriedade suficiente", denunciou Macri, que foi presidente do Boca Juniors entre 1995 e 2007, gestão que alavancou a carreira política.
Macri desafiou ainda os clubes ao dizer que "não existem exceções para ninguém. Todos tem que pagar impostos, cumprir com as obrigações e trabalhar para que os estádios sejam seguros".
O governo Macri impulsiona um torneio de primeira divisão por fora do repto da AFA: a Superliga. Esta vai permitir participação de Sociedades Anónimas Desportivas (SAD), já que o atual modelo de clubes só permite Sociedades Civis Sem Fins Lucrativos.
Para por um ponto final à crise que o futebol argentino vive, Macri voltou a insistir: "Espero que a AFA e os clubes em geral abandonem a obscuridade e se transformem em instituições transparentes e de confiança".
Comentários