Muita coisa mudou no último ano na vida de Gastão Elias: depois de se tornar o primeiro representante luso a vencer um encontro em Jogos Olímpicos, no Rio2016, e o segundo melhor tenista nacional de sempre no ‘ranking’ ATP, ao alcançar a 57.ª posição (em 24 de outubro), o jovem da Lourinhã viveu uma época difícil, com vários desaires e nenhum título conquistado.
Convertido, pela primeira vez desde setembro de 2012, no número três nacional na hierarquia mundial e substituído pelo amigo Pedro Sousa no papel de segunda ‘arma’ da seleção na Taça Davis, o agora 148.º tenista mundial assegurou à agência Lusa estar tranquilo.
“Podiam achar que podia estar a ser um pouco desesperante e negativo, mas não olho por esse lado. É uma oportunidade para trabalhar mais algumas coisas que nós [ele e a equipa técnica] chegámos à conclusão que precisavam de ser bem trabalhadas. Não estou preocupado, porque sei que tenho nível para chegar lá acima, como já mostrei. É uma questão de confiança”, argumentou.
Elias disse que não houve nenhuma mazela física a provocar a queda nos ‘rankings’. "É sempre difícil jogar a um grande nível durante todo o ano. O que aconteceu, simplesmente, foi que houve ali um momento em que não joguei tão bem. A confiança, em certo momento, desceu um bocadinho, mas a nível de ténis não estou minimamente preocupado. Aliás, sinto-me a jogar bastante bem neste momento. E sei que é haver um clique ali, numa coisinha ou outra, para voltar a subir rapidamente”, explicou.
O tenista português ‘responsabilizou’ a sua equipa técnica, nomeadamente o argentino Fabian Blengino, que definiu como um dos mais experientes e melhores treinadores do mundo, pela serenidade encontrada.
“Nós conversamos muito… posso dar o exemplo de mais de 50, 60 jogadores que, depois de entrarem pela primeira vez no ‘top 100’, tiveram algumas dificuldades em adaptar-se e caíram um bocadinho no ‘ranking’. Acho que isso é saudável na carreira. Faz com que o atleta se dê conta do que é realmente preciso e do que é que falhou. Eu, a minha equipa técnica, a minha família não estamos minimamente preocupados, porque é como disse o Pedro [Sousa] no outro dia: não é num par de semanas que se desaprende a jogar ténis. É uma questão de uma coisa ou outra, o nível é muito equilibrado. É só prestar atenção em momentos menos bons, não fraquejar e continuar”, defendeu.
O ‘Mágico’, apodo que conquistou, precisamente, na Taça Davis, negou ainda que tenha acusado a pressão de estar no circuito ATP, considerando que, pelo contrário, se sentia mais relaxado a jogar torneios do escalão máximo do ténis.
“De certa forma, jogas com muito menos pressão do que nos ‘challenger’. Nos ‘challenger’, ao seres um dos principais cabeças de série do torneio, tens sempre a pressão de ser o favorito. És o favorito em praticamente todos os jogos, enquanto nos ATP entras sem nada a perder”, destacou.
Depois do ‘play-off’ de acesso ao Grupo Mundial da Taça Davis, que vai opor Portugal à Alemanha, entre sexta-feira e domingo, no ‘Centralito’, do complexo de ténis do Jamor (Oeiras), Elias vai iniciar um périplo sul-americano.
“Estou bastante confiante. Tenho seis ou sete torneios – ou oito, já nem sei – até ao fim do ano. Tenho de subir 40 lugares no ‘ranking’, para garantir a entrada direta na Austrália. Neste momento, é o meu objetivo”, revelou.
Relegado para o banco, o número três nacional confessou-se “muito feliz” pela oportunidade que o ‘capitão’ Nuno Marques deu a Pedro Sousa.
“Tenho noção que o Nuno fez uma boa escolha. O Pedro ganhou muitos jogos ultimamente e está, neste momento, com muita confiança. Apesar de eu estar a jogar melhor – fiz duas meias-finais consecutivas em ‘challengers’ – fico de consciência tranquila, porque dou o meu melhor todos os dias. Vou para o banco motivado, isto em nenhuma maneira me afeta”, assumiu, deixando elogios ao amigo de sempre, que simplesmente “adora”: “É uma pessoa espetacular. Só quero o melhor para ele. Acredito que isto seja uma boa oportunidade e fico feliz, acho que ele merece, porque já está há tantos anos a dedicar-se a este desporto”.
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